"Os espanhóis dizem que se nos formos embora de Espanha é como se lhes cortassem um braço. É por isso mesmo que temos de ir. Porque não queremos ser um braço, queremos ser um corpo inteiro", disse à Lusa Muriel Casals, dirigente da Omnius, uma associação cívica e cultural da Catalunha.
A organização realiza no próximo dia 8 de Junho, em Lisboa, em simultâneo com as cidades de Londres, Berlim, Paris, Genebra, Bruxelas, Roma e Barcelona, pirâmides humanas que representam os "castelos da Catalunha", numa operação de sensibilização pela realização do referendo pela independência da província espanhola, que o Governo de Madrid não aceita.
"A independência é a melhor forma de construir uma relação amistosa e pacífica de estabelecermos uma relação com Espanha e sem a pretensão de transformar Espanha, que está contente de estar como está. Nós não somos nem melhores nem piores, somos diferentes. Queremos ser vizinhos, não queremos estar dentro", disse.
Casals explicou que o governo catalão (Generalitat) está "fortemente decidido" em avançar com o processo do referendo "dentro da legalidade" e que está disposto a negociar a data se o Governo espanhol der autorização.
"Por autoridade, Madrid não reconhece que possa existir um povo como o catalão que quer a soberania", acusou a activista, acrescentando que a Catalunha "é um país" que perdeu sempre as guerras, mas que quer "ganhar a paz e a independência" pela via da democracia.
Entre outros aspectos, como "pano de fundo" da questão catalã está a política fiscal que, segundo Muriel Casals, para a Catalunha tem sido "injusta" porque as finanças públicas só gastam na província uma pequena parte daquilo que é colectado aos habitantes.
Por outro lado, afirmou, a língua na Catalunha "é uma forma de resistir desde 1614" – desde quando os Bourbons venceram aos Habsburgos e tentaram erradicar o catalão – e rejeitou as críticas de que a língua catalã é imposta aos habitantes da província.
"Em 300 anos não conseguiram fazer desaparecer o catalão e manter a língua foi uma forma de resistência", disse Muriel Casals.
Lusa/SOL