O boletim de voto nas próximas eleições europeias precisará de um formato XXL para incluir todos os candidatos.
Um inesperado recorde.
Este primeiro resultado contraria assim as suspeições, lançadas por não poucos analistas encartados, para quem o sistema político-partidário estaria bloqueado – vivendo-se, em consequência, um insuportável sufoco democrático…
À esquerda, em particular, despontam novas pérolas de originalidade ideológica, sintetizadas em cada aprimorado programa.
A par dos novos partidos, há outros, velhinhos, dos quais nunca se ouve falar, ressuscitando das sombras para onde migram nos intervalos entre eleições. Estranhamente, a ninguém ocorre pedir-lhes, por exemplo – antes de se passearem pelos tempos de antena –, que façam prova de vida dos subscritores que, um dia, os patrocinaram.
Nem sequer o Tribunal Constitucional – vigilante dos partidos no quadro das suas competências – suscita, que se saiba, tal formalidade, decerto por se tratar de uma ninharia irrelevante na arquitectura do edifício democrático.
Podemos, pois, dar graças por desfrutarmos novamente dos ensinamentos prodigalizados por personalidades tão carismáticas como Carmelinda Pereira, pelo POUS, ou Garcia Pereira (por interposto candidato), em nome do PCTP/MRPP. Um privilégio.
Do lado dos mais recentes, não falta por onde escolher, provando-se que sobeja tempo – e gente de boa vontade – para angariar as 7 500 assinaturas necessárias, aceites e reconhecidas no Palácio Ratton.
Tal como na ‘revista à portuguesa’ de antigamente, nesta representação aparecem os ‘compères’ mais conhecidos, que dominam o palco como cabeças-de-cartaz, talvez com o defeito de abusarem de tiradas já gastas.
Depois, surgem os ‘artistas especiais’ (com os ‘bailarinos’ em fundo), que tentam a sua sorte. Marinho Pinto, pelo Partido da Terra, e Rui Tavares, militantemente Livre, são perfeitos nesse desempenho. O primeiro, ex-jornalista, ex-bastonário, passou a advogar as causas europeias, vá lá saber-se porquê.
Quanto ao segundo, aliviou-se da tutela do BE (na linha do ex-bloquista Sá Fernandes, que se dedica, agora, como autarca, a semear ciclovias na cidade, depois de agravar os custos do Túnel do Marquês, sem que ninguém lhe pedisse contas), mas afeiçoou-se depressa aos confortos de Bruxelas, teimando em não lhes renunciar.
Esta barafunda à esquerda nega a unidade reclamada. Nada de importante. Porém, à direita, também não faltam os casos a merecer estudo aturado.
Em resumo: não será por falta de ‘artistas’ que o público se alheará da performance marcada para 25 de Maio. Prevêem os entendidos uma abstenção «enorme» – o que, a confirmar-se, adiará a fogueira à volta dos infiéis ‘neoliberais’…
Afortunadamente, a CNE poupa-nos a uma infinidade de debates à ‘boca de cena’, em benefício da nossa paciência. Mais voltados para dentro, os ‘actores principais’ seguem à risca o seu papel, e mesmo os eurocépticos sonham com a sinecura de Estrasburgo. Há motivações irrecusáveis…