Khalifa no lugar do califa

A Líbia, que tem balançado entre o tribalismo e a ameaça islamista, com milícias activas, um Governo inoperante e uma assembleia caótica, está à beira de sofrer um golpe orquestrado por um antigo militar. Khalifa Haftar ordenou ao Governo de Trípoli a transferência do poder para o Conselho Superior de Justiça. E ao órgão judicial…

Khalifa no lugar do califa

Esta foi a mais recente jogada do antigo general incluída na denominada Operação Dignidade Líbia. No sábado, com o apoio de aviões e helicópteros, perseguiu milícias islamistas na sua cidade natal, Bengazi. Morreram 80 pessoas e umas 140 ficaram feridas nos ataques. No dia seguinte, uma brigada oriunda de Zintan percorreu 140 km até à capital para atacar o Parlamento. “Anunciamos ao mundo que a Líbia não vai ser um berço de terrorismo”, disse um antigo comandante da polícia militar, Mokhtar Farnana, numa alusão aos islamistas presentes na assembleia constituinte. O Parlamento de transição, que nos últimos meses despediu dois primeiros-ministros, já devia ter sido dissolvido em Fevereiro, mas o mandato foi prorrogado até Dezembro. 

Khalifa Haftar regressou à Líbia durante a guerra contra Kadhafi. Caiu em desgraça durante a guerra com o Chade, quando foi aprisionado no país vizinho. Mais tarde, é ponto assente que terá recebido apoio da CIA. Em Fevereiro anunciou na TV um plano para salvar o país e a instar os líbios a revoltarem-se contra o Parlamento. Como nada aconteceu nas semanas seguintes, o militar foi alvo de chacota. 

No entanto, percebe-se agora que tem vindo a somar apoios nas forças armadas (das forças especiais à base aérea de Tobruk, por exemplo) e mesmo no actual Governo, o ministro Habib Amin.
Quererá Khalifa, como a famosa personagem de banda desenhada o grão-vizir Iznogoud, ser 'califa no lugar do califa'? 

cesar.avo@sol.pt