“E reivindico a presidência da Comissão Europeia”, escreveu sem receio o antigo primeiro-ministro do Luxemburgo, tentando não dar espaço ao debate que seguramente se vai seguir nos próximo dias.
O Conselho Europeu, que reúne os líderes de governo dos 28, continua a deter a palavra final sobre a decisão e o Tratado de Lisboa diz apenas que este deve passar a “ter em conta o resultado das eleições europeias”.
E se Angela Merkel nunca declarou o seu apoio taxativo a Juncker, o primeiro-ministro húngaro Viktor Orban afirmou no rescaldo da noite eleitora que “jamais” a Hungria dará o seu ‘sim’ a Juncker. Merkel e Orban têm em comum o facto de liderarem Governos formados por partidos filiados no PPE.
Outro ponto que joga contra Juncker é o enfraquecimento eleitoral do seu bloco, que apesar de se manter como o mais representado perde mais de 50 deputados, passando de 288 no final da última legislatura para 211, segundo a última projecção divulgada pelos serviços do PE.
O candidato socialista, Martin Schulz, também não parece disposto a aceitar a vitória imediata do luxemburguês, afirmando esta noite que o PPE só lidera por ter votos de partidos de figuras como Berlusconi ou o próprio Orban, figuras com credenciais democráticas muito questionadas.
Os socialistas também perdem (24 deputados) na projecção a nível europeu, tal como o Liberais, que deve ficar com menos 26. Ao todo, os três principais blocos poderão perder mais de uma centena de deputados.
Muitos estarão no novo grupo da vitoriosa francesa Marine Le Pen, apesar do fracasso eleitoral do seu parceiro holandês Geert Wilders. Entre os nacionalistas anti-imigração franceses, que têm aliados proclamados na Áustria e Dinamarca, o grupo já formado em Bruxelas pelo britânico Nigel Farage e os não filiados, como os do italiano Beppe Grillo, Bruxelas poderá vir a ter perto de uma centena de eurocépticos nas bancadas parlamentares.
Extrema-direita vence em França, esquerda radical triunfa na Grécia
País a país, a notícia da noite chega de facto de França, onde a Frente Nacional de Marine Le Pen venceu com cerca de 26% dos votos. O PS de François Hollande ficou em terceiro lugar com apenas 16%. O primeiro-ministro francês Manuel Valls, socialista, descreve os resultados como um “terramoto político”.
Destaque-se ainda a vitória do Syriza (esquerda) de Alexis Tsipras na Grécia, onde o Aurora Dourada (extrema-direita) poderá ter conseguido 12% dos votos. Na Dinamarca, vitória dos eurocépticos ultraconservadores do Partido Popular. Na Áustria, a extrema-direita do FPÖ ficou em terceiro lugar, mas quem venceu a votação foram os conservadores do ÖVP, no poder.
Na Alemanha, a CDU de Angela Merkel e os aliados bávaros da CSU venceram com 37% dos votos. Os parceiros de coligação do SPD alcançaram 27,6%. A novidade é a entrada no Parlamento Europeu dos eurocépticos da Aliança Pela Alemanha.
Em Espanha, o PP de Mariano Rajoy, no poder, ganhou as eleições com 32% dos votos, dois pontos percentuais mais que o PSOE. O bloco central espanhol continua a recuar, e a Esquerda Unida obteve quase 10% dos escrutínios.
Em Itália, o Partido Democrático do primeiro-ministro Matteo Renzi venceu as europeias com 30 a 33% dos votos. O Movimento Cinco Estrelas do comediante populista Beppe Grillo alcançou 29%, enquanto a Força Itália de Silvio Berlusconi colheu a preferência de 16 a 19% dos eleitores transalpinos.
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