O canadiano Owen Pallett, mais conhecido como o orquestrador dos Arcade Fire, esteve ontem à noite em Lisboa para um concerto extraordinário na discoteca Lux. Na bagagem trazia o novo In Conflict e foram exactamente as canções deste álbum, editado na segunda-feira, a força motora do espectáculo.
Presença habitual em Portugal, esta foi a primeira vez que o violinista se apresentou com banda, mais concretamente com um baterista e um baixista. E a opção não podia ter corrido melhor. Trocando a habitual performance de one man show apenas com o seu violino e um gerador de loops controlado por pedais, com os músicos de apoio o universo criativo e fantasioso de Owen Pallett cresce, ganha novas dimensões, atinge momentos de êxtase puro quando de cada um dos instrumentos saí um som dissonante unido coesamente pela voz melódica de Pallett.
Foi, aliás, nesses momentos de maior distorção que se comprovou, mais uma vez, o quão talentoso Owen Pallett é. Se a cada novo disco nota-se sempre uma vontade enorme de explorar os limites sonoros de cada canção, ao vivo esse desafio é levado ainda mais ao extremo. E o resultado dessa capacidade incrível em ampliar a métrica de uma canção é sempre de uma beleza e emoção incríveis.
No final do concerto, de cálice de champagne na mão, o canadiano brindou todos os presentes, celebrando também assim o lançamento do novo disco. “Hey, feliz dia de lançamento para mim”, disse, sublinhando a felicidade por estar em Lisboa. A sua ligação com a capital é conhecida, até porque foi em Lisboa que escreveu, há quatro anos, parte do seu disco anterior, Heartland, durante uma estadia de uma semana.
Recentemente em entrevista ao SOL, o músico revelou que o novo In Conflict “pretende ser uma disposta entre opostos, um conflito entre uma identidade estável e outra instável”. A nível sonoro foi isso mesmo que Owen Pallett fez em Lisboa. Sábado estará novamente entre nós, mas desta vez no Rock in Rio, a tocar com os Arcade Fire.
