Marcos Camargo, que ameaçara a mulher na tarde anterior, não esperou pelo fim da consulta da dentista. Após o crime, a testemunha ocular teve de receber apoio psicológico, soube o SOL.
Nos momentos que terão antecedido o assassinato, os lojistas mais próximos ouviram barulhos “que pareciam de cadeiras e móveis a ser arrastados”. Cerca de 15 minutos antes das dez horas da manhã, o homem, descrito por uma comerciante como um “brutamontes”, e com o corpo coberto por tatuagens, desceu da clínica Odontoriso, situada no número 220 da movimentada Rua Augusta, pediu um café na esplanada mais próxima e aguardou, aparentemente calmo, a chegada da polícia. Quando os agentes da autoridade lhe perguntaram os motivos que o levaram a matar a mulher, terá respondido. “Ela pediu-me o divórcio, matei-a”.
Os ciúmes de Marcos estarão por trás deste assassinato. “Ele já a tinha ameaçado ontem. Ela não foi dormir a casa, por isso veio aqui”, contou ao SOL uma comerciante que conhecia o casal. Marcos era “violento”, acrescenta: “Há dois meses, ela apareceu com o rosto esmurrado. Ela era maravilhosa, muito bonita e simpática, mas ele era um brutamontes”.
Responsável por controlar as funcionárias que distribuíam panfletos publicitários da clínica no início da Rua Augusta, Marcos era conhecido por ser um homem “muito ciumento”, revela a mesma fonte. “Não lhe saía da porta do consultório. Se era um homem que estava lá dentro então, não arredava da porta”.
Uma cliente da dentista, contudo, conta que na última consulta a que foi, há cerca de um mês viu o casal a ser carinhoso. “Era comum vê-los a chamar-se de amor. E foi assim que ela o chamou, para lhe mostrar uma coisa naquele dia”, recorda.
Há cerca de duas semanas, Luana terá pedido o divórcio a Marcos, que nunca aceitou esta vontade da mulher. E hoje de manhã, concretizou a ameaça feita ontem.
Este é o segundo homicídio conjugal esta semana. Este fim-de-semana, a Polícia registou outro assassinato. Carina, de 27 anos, foi morta pelo companheiro, também de nacionalidade brasileira, no interior do apartamento, no centro histórico de Évora. A vítima, de 27 anos, foi assassinada a murro e pontapé e o namorado acabou por se entregar na esquadra da PSP.
Luís Garcia, de 31 anos, já tinha antecedentes criminais por violência doméstica e, segundo os vizinhos, era conflituoso, sobretudo sob efeito de álcool.
Desde o início do ano, já foram assassinadas em Portugal 18 mulheres às mãos dos companheiros.