Na semana passada estive em Angola, por força da reunião da Primavera de 2014 da Confederação da Construção e do Imobiliário de Língua Oficial Portuguesa (CIMLOP). Visitei Benguela e Luanda, cidade onde tinha estado há quatro anos, tendo verificado uma evolução muito positiva ao comparar esta visita com a que que cumpri em 2010.
Um dos aspectos mais evidentes dessa evolução, aos olhos do estrangeiro que chega de fora e fica hospedado num hotel da cidade, é o maior profissionalismo dos funcionários dos hotéis – uma das boas imagens que qualquer país pode oferecer a quem o visita, seja em viagem de negócios seja em viagem turística.
Turismo é, aliás, uma das indústrias que se sentem a crescer em Angola – um país que pode, como poucos, oferecer rotas variadas, do turismo da natureza ao turismo histórico e cultural, passando pelo turismo mais clássico de praia. Luanda, registe-se, é já uma cidade de passagem de alguns cruzeiros de luxo, o que comprova esta vocação.
Luanda é também uma cidade que está a mudar a sua imagem, renovando a deslumbrante baía e requalificando a respectiva frente marítima, num projecto distinguido nos Estados Unidos pela International Waterfront Association, uma instituição sem fins lucrativos que atribui prémios aos melhores projectos de requalificação de frentes marítimas e ribeirinhas do mundo.
Tive a oportunidade de visitar a nova frente marítima de Luanda, a convite da administração da Sociedade Baía de Luanda, uma parceria público-privada constituída para a requalificação da Marginal e de ver, in loco, como a cidade está mudar, nomeadamente no extremo norte da Avenida 4 de Fevereiro, com um novo e moderno centro de negócios.
Na actualidade, a nova frente marítima já recebe uma média diária de 2.500 pessoas, e foi, durante o último ano, palco de mais de 43 eventos públicos e privados, que levaram à baía mais de um milhão de pessoas. Quando ficar totalmente concluído, o novo passeio marítimo de Luanda consolidar-se-á como uma das imagens identificadoras da cidade.
Está prevista para esta baía a construção de uma torre residencial sobre a água, que se destacará como um marco arquitectónico da frente marítima. Pelas dimensões desta frente, com mais de um quilómetro e largura média de 250 metros, foi possível, sem desequilibrar a obra, fixar a cércea máxima em 140 metros, o equivalente a 35 pisos.
Luanda, que suportou a pressão demográfica própria das cidades que se assumem como o último refúgio nos países que sofrem guerras, multiplicando várias vezes o meio milhão de habitantes que era a população ideal, está também a construir novas cidades satélite, num território a que poderemos chamar de Grande Luanda.
Visitei uma dessas cidades, a do Kilamba Kiaxi, actualmente a mais jovem cidade de África, situada 20 quilómetros a sul do centro da capital, um projecto programado para três fases, com um total de 82 mil apartamentos, numa área de 54 quilómetros quadrados, cuja primeira fase foi inaugurada em 2011, três anos depois de iniciada.
Em Luanda, em Angola, sente-se que há mudanças positivas, próprias dos países que crescem e se desenvolvem. Próprias dos grandes países com capacidade para crescer rumo a um desenvolvimento sustentado.
*Presidente da APEMIP, assina esta coluna semanalmente