Muito tempo
Um estudo recente sobre violência doméstica concluiu que as mulheres demoram, em média, 13 anos a sair de uma relação abusiva e violenta. Não é um surpresa, mas o número é chocante. Em 13 anos fazem-se muitas coisas, vive-se, lê-se, escreve-se, viaja-se, conhece-se pessoas, ganha-se dinheiro, perde-se, etc. Em 13 anos é possível mudar de ideias, percebendo porque é que se mudou. É muito tempo. É uma eternidade, se pensarmos que estas mulheres vivem num contexto que as impede de viver uma vida normal. Por que razão paralisam em relações de medo e sem amor? O autor do estudo, psicólogo forense, refere que as mulheres, sobretudo as católicas, tendem a aceitar a violência como fazendo parte da relação e porque se culpam dessa violência. Deus diz para sermos bons, mas não manda ninguém ser saco de pancada de ninguém. Compreendo que o divórcio seja difícil para os católicos, mas às vezes não só é preciso como é essencial. Adiar pode levar à morte.
Três minutos
A série de televisão Web Therapy chega a Portugal com seis anos de atraso. Já não tinha esperança de a ver, mas eis que estreou o primeiro episódio, tão divertido quanto o imaginava. A Dra. Fiona Wallice (a brilhante Lisa Kudrow), psicóloga, teve uma grande ideia para poupar custos no seu consultório e rentabilizar as sessões com os pacientes. As sessões passaram a ser por computador, cada um na sua casa com a sua web cam, e não duram mais de três minutos. Fiona estava cansada de ouvir sonhos e descrições de acontecimentos que nunca levavam a lado nenhum. Pelo contrário, nos três minutos podia acontecer uma espécie de milagre da psicoterapia e o paciente poder compreender realmente alguma coisa sobre a sua situação. No meio desta subversão da psicoterapia, dos seus métodos e dos seus objectivos, Fiona só fala dela nas sessões. Os diálogos são divertidos e bem escritos. E os episódios não duram mais de meia hora. Tudo breve, original e muito bom.
Selfie no museu
Há dias li que o Metropolitan Museum de Nova Iorque, no meio de todas as iniciativas que promove no site e nas redes sociais, ia organizar um concurso na conta de instagram com a melhor selfie no museu. Pareceu-me uma ideia arrojada, inútil e engraçada, em que participaria se visitasse o Met em breve. Outra notícia relacionada com selfies em museus apareceu há pouco, mas desta vez na Frick Collection, também em Nova Iorque. Depois de o museu ter permitido fotografias, selfies, em Abril, voltou passado um mês a proibir tudo de novo, para desagrado dos visitantes e fãs. A explicação para a proibição foi dada ao site hyperallergic. O museu não estava preparado para a confusão de pessoas a mexer-se e a tirar fotografias e a colecção era demasiado valiosa para correr riscos. Apesar de achar graça às selfies com pano de fundo artístico, compreendo a direcção da Frick Collection. É um sítio de paz e recolhimento. Se querem imagens, comprem postais.
Islamizar por aí
O grupo terrorista nigeriano Boko Haram foi considerado 'radical islâmico' pelos media. Passados poucos dias, havia já quem pusesse as mãos à cabeça, ai, ai, que não se pode dizer que são muçulmanos. A revista Time elaborou uma lista com cinco pontos a defender que os ensinamentos do profeta Maomé não podiam estar mais longe do que o grupo professa. Líderes do mundo islâmico, como o grande mufti da Arábia Saudita, querem distância do grupo, que está a "manchar a imagem do Islão". Entretanto, numa mata profunda algures, 200 raparigas continuam na mão dos terroristas. E o que foi a primeira coisa que fizeram? Converteram as raparigas cristãs ao islamismo. Foram logo bem tapadas e filmadas a repetir versos do Corão. Enquanto isto se passa, no Sudão, uma mulher grávida de oito meses foi condenada à morte por um tribunal. Razões? A mulher é cristã. Foi acusada de adultério porque casou com um homem cristão. No Sudão também são terroristas?