Os bloquistas recusam dar um sinal público de instabilidade. Uma mexida na direcção “iria fragilizar o partido”, nota o mesmo dirigente. Além disso, seria reconhecer que falhou a liderança bicéfala que Louçã construiu e apoiou em 2012, quando o agora ex-coordenador deixou a primeira linha do comando político do BE, embora continue a ser influente. O regresso de Louçã está também por isso afastado, pelo menos para já. “Já imaginou o que seria escrito se ele regressasse? Era o reconhecimento de que tinha havido um erro”, ensaia fonte parlamentar do BE.
Catarina Marins e João Semedo estão assim de pedra e cal na liderança do Bloco. Na quarta-feira, enviaram uma carta aos militantes. Reconhecem a desilusão eleitoral e prometem iniciar um processo de discussão interna. As decisões são atiradas para a próxima convenção do partido, em Novembro.
O texto da carta é uma introdução para a Mesa Nacional deste domingo. A oposição não vai pedir a antecipação do calendário e promete não fazer mossa para já. “Há necessidade de fazer um debate alargado”, justifica João Madeira, que encabeçou a moção B na última convenção. Também Ana Drago, que se demitiu este ano da Comissão Política por não concordar com a estratégia do BE para as europeias, deu um sinal durante a campanha de que apoia os líderes.
Futuro do partido adiado para as legislativas
A convicção entre os militantes é a de que os actuais coordenadores ficam em funções até às legislativas de 2015. Catarina e Semedo têm a maioria do apoio na mesa nacional. E de Louçã.
A mensagem que tem passado é que importa discutir a estratégia do partido, mais do que lideranças. “É preciso avaliar se somos válidos e perceber qual o nosso espaço político”, frisa fonte parlamentar.
As alianças à esquerda serão por isso determinantes. Louçã apontou no Facebook para alianças à esquerda e afastou o centro, onde está o PS. Rui Tavares poderá ser contactado pelo BE para entendimentos rumo a 2015. O PCP também. “O partido tem de se abrir a entendimentos”, sinalizou fonte do partido.
Mas na opinião de um ex-dirigente nacional do BE, a UDP de Luís Fazenda não vai abdicar de ter mais força na direcção: “A UDP vai esperar que a actual direcção caia de podre, depois das eleições”.