De acordo com membros da Mesa Nacional do Bloco de Esquerda contactados pela agência Lusa, Ana Drago propôs uma tomada de iniciativa de diálogos à esquerda que tivesse como base o programa do Congresso Democrático das Alternativas e essa proposta contou com o apoio, entre outros, de Marisa Matias e de José Gusmão.
Segundo as mesmas fontes, na reunião de hoje da Mesa Nacional do Bloco de Esquerda, em Lisboa, foram também chumbadas duas propostas de antecipação da próxima Convenção Nacional do partido apresentadas com o objetivo de acelerar a tomada de decisões internas.
Foi rejeitada uma proposta de Ana Drago para que a Convenção Nacional se realizasse no início de outubro. O final de outubro foi outro calendário em cima da mesa, proposto por Miguel Cardina, Heitor de Sousa e Bruno Maia, que reuniu mais apoios, tendo sido chumbado por dois votos.
A IX Convenção do Bloco de Esquerda ficou marcada para 22 e 23 de novembro, em Lisboa – dentro do prazo regular, quando se cumprem os dois anos estatutariamente previstos para a periodicidade das convenções nacionais.
O movimento 3D surgiu através de um manifesto promovido, entre outros, pelo ex-militante e ex-dirigente do Bloco de Esquerda Daniel Oliveira, a favor de "uma candidatura convergente" às eleições europeias de 25 de maio, que juntasse várias forças contra a austeridade e pela renegociação da dívida, incluindo o Bloco de Esquerda e o Livre, de Rui Tavares.
O Livre estreou-se em eleições nas europeias de 25 de maio, enquanto o PAN (Partido pelos Animais e da Natureza) foi formalizado em 2011.
Em conferência de imprensa sobre as conclusões da Mesa Nacional, num hotel de Lisboa, o coordenador do Bloco de Esquerda João Semedo foi questionado sobre a possibilidade de uma aproximação ao partido Livre, que pareceu afastar.
"Nós gostamos de falar com as outras esquerdas. Agora, convergências implicam um programa político", respondeu João Semedo, acrescentando que o Livre tem "um programa que visa uma aliança preferencial, um entendimento preferencial com o PS".
O PS, prosseguiu, não tem "uma base programática" que o Bloco considere "aceitável", porque, pelo menos "até hoje, domingo, liderado por António José Seguro, é um partido que está fixado ao tratado orçamental, a lei mãe de toda a austeridade em Portugal e na Europa".
"Nós não aceitamos negociar admitir sequer qualquer negociação para apoiar um Governo ou para participar num Governo que tenha esse pressuposto", concluiu.
No que respeita à relação dos bloquistas com os socialistas, de acordo com fontes contactadas pela Lusa, na reunião de hoje da Mesa Nacional houve quem considerasse até, como foi o caso de Luís Fazenda, que o Bloco tem estado demasiadamente próximo do PS e que isso não ajudou o partido em termos eleitorais.
Lusa/SOL