Mundial: Estrelas no campo e no sofá

Com 1,2 milhões de visualizações, há um vídeo no YouTube que promete ser capaz de evitar a grande baixa do Mundial. “Talvez seja obrigado a mudar o meu plano de férias”, admitiu Zlatan Ibrahimovic depois de ver figuras como Daniel Alves, Ronaldo (o ‘fenómeno’) ou Bebeto, entre outros desportistas, actores e anónimos brasileiros, a participarem…

Mundial: Estrelas no campo e no sofá

Ali se pede para o sueco repensar a sua decisão de não ir ao Brasil: “Não vou porque um Mundial sem Ibrahimovic não tem interesse nenhum”. Tido por muitos como o terceiro melhor jogador desta geração, ‘Ibra’ ficou de fora precisamente devido a um dos dois que o supera nessa lista. 

Marcador dos quatro golos com que Portugal eliminou a Suécia no playoff a duas mãos, Cristiano Ronaldo é, a par de Messi, a estrela mais aguardada deste Mundial. Os donos das últimas seis Bolas de Ouro chegam ao Brasil no topo a todos os níveis. São os que mais dinheiro recebem, os que mais receitas geram e os que mais o justificam no campo: segundo contas do site WhoScored.com, Messi marcou 227 golos desde que terminou o último Mundial, Ronaldo ‘ficou-se’ pelos 219.

O preço que pagam é o facto de serem também, entre os 640 jogadores de campo (excluindo guarda-redes) seleccionados para o Brasil, os que maior desgaste apresentam à partida para o torneio. O português fez 15.564 minutos de jogo desde que voltou do África do Sul-2010 e o argentino correu durante 14.772.

Só o defesa do Chelsea Branislav Ivanovic se colocaria entre os dois (15.052 minutos) mas, tal como Ibrahimovic, será apenas um espectador devido à ausência da selecção sérvia. Um fenómeno que deixa no sofá estrelas mundiais como Gareth Bale, que à imagem do compatriota Ryan Giggs terá muita dificuldade em abrilhantar o seu currículo ao serviço do País de Gales. 

Outros exemplos incluem o guarda-redes checo Petr Cech, o polaco Robert Lewandowski, melhor marcador da Liga Alemã, ou o turco Arda Turan, que venceu o campeonato espanhol e fez parte da histórica caminhada do Atlético de Madrid até à final da Champions. Mas as ausências não se devem apenas a fracassos colectivos. Lesões e seleccionadores são outras ‘pragas’ que retiram estrelas ao Mundial. 

Radamel Falcao e Franck Ribéry são os nomes mais sonantes entre os que falham a competição devido a lesões contraídas nos últimos meses. E se o avançado colombiano não recuperou a tempo da lesão no joelho, o extremo francês – que há um ano ameaçava acabar com a hegemonia da dupla Ronaldo/Messi – não aguentou as dores lombares que tem vindo a sofrer nos últimos jogos.

Uma lista que inclui o espanhol Thiago Alcântara – provável sucessor de Iniesta na La Roja que Guardiola levou para o Bayern de Munique – e que aumentou já durante os estágios de preparação com as lesões do italiano Ricardo Montolivo, do holandês Rafael van der Vaart e do alemão Marco Reus.

Já Carlos Tévez, Samir Nasri e Robinho serão as principais vítimas das escolhas dos treinadores, com o brasileiro e o francês a terem a consolação de figurarem na colecção de cromos da caderneta oficial do Mundial. 
As estrelas que vão estar em campo ou a ver os jogos no sofá podem não ficar por aqui. O melhor jogador e goleador da última Liga Inglesa, Luis Suárez, foi operado ao menisco do joelho esquerdo após o final da época britânica e estará em dúvida até o Uruguai entrar em acção.

Entre lesões e opções técnicas duvidosas, há um conjunto de jovens promissores à espreita de uma oportunidade para brilhar nos grandes palcos. William Carvalho é presença regular nas listas de estrelas em ascensão a observar no Brasil, onde também costuma estar o jovem colombiano do FC Porto Juan Quintero. 

Outros nomes a não perder de vista: Adnan Januzaj, cujo arranque vistoso no Manchester United, aliado a uma ascendência complexa, o levaram a ser cobiçado por várias selecções antes de se decidir pela Bélgica; Julian Draxler, médio atacante alemão apelidado de novo Ballack; Memphis Depay, promessa holandesa que pode beneficiar com a lesão de Van der Vaart; Raheem Sterling, que aos 19 anos teve papel preponderante numa caminhada que quase acabou com o jejum de títulos do Liverpool; e Marco Verrati, italiano de 21 anos que é figura indiscutível no milionário Paris Saint-Germain.

Que a bola comece a rolar.

nuno.e.lima@sol.pt