Autocarro eléctrico português faz sucesso

Genebra, Viena e Estugarda estão interessadas no eCobus, o autocarro eléctrico da Salvador Caetano pensado exclusivamente para aeroportos. Já há dois em circulação na Alemanha e na Finlândia.

Autocarro eléctrico português faz sucesso

A CaetanoBus tem três aeroportos europeus de média dimensão interessados no eCobus, o primeiro autocarro totalmente eléctrico para uso exclusivo naquele tipo de infra-estruturas. Representantes dos aeroportos de Genebra e Viena já viajaram até Vila Nova de Gaia para avaliar o autocarro ‘ecológico’. Em Estugarda, a empresa do grupo Salvador Caetano aguarda o resultado de um concurso internacional.

Em meados de Março, «potenciais clientes de aeroportos europeus» estiveram nas instalações da empresa para conhecer um conceito em relação ao qual «ainda há uma grande desconfiança», revelou ao SOL o presidente da CaetanoBus, Jorge Pinto.

Segundo o gestor, os aeroportos que se mostraram mais interessados foram os de Genebra e Viena. O interesse foi tal que o eCobus, que resulta da conversão do modelo diesel Cobus e está pronto desde Outubro, «vai agora para Genebra fazer testes», seguindo-se depois demonstrações em aeroportos da Áustria, Espanha e França.

A CaetanoBus espera ainda a qualquer momento o resultado de um concurso para colocar no Aeroporto de Estugarda o eCobus. Na cidade alemã, a empresa tem já «um eléctrico da primeira geração», feito de raiz. Na Finlândia, há mais um em circulação.

A crise na Europa e os cortes nos investimentos por parte das transportadoras levaram a CaetanoBus a apostar nos aeroportos, no que diz respeito à expansão da mobilidade eléctrica.

«Como temos um parque de cerca de 3.000 unidades Cobus um pouco por todo o mundo, a reconversão pareceu-nos uma solução boa para mantermos a fidelidade dos clientes», explica Jorge Pinto, acrescentando que «a lógica é aproveitar a desvalorização do veículo original».

O investimento num autocarro a diesel novo e na conversão de um usado é semelhante – cerca de 300 mil euros –, diz o gestor. A diferença, explica, está nos consumos energéticos, nos custos de manutenção e no impacto sobre o passageiro. O eléctrico permite alargar o tempo de vida de uma viatura em 10 anos.

Numa primeira fase, a CaetanoBus conta fornecer «6 ou 7 unidades» de eCobus aos aeroportos que já se mostraram interessados.

«Podem ser autocarros novos – eléctricos de raiz –, autocarros que tenhamos em stock que reconvertemos ou pode ser a reconversão da própria frota do cliente», concretizou Jorge Pinto.

Para a Caetano Bus, a mobilidade eléctrica é ainda um projecto «start-up». Ou seja, neste momento só representa custos. O presidente da CaetanoBus gostaria de fechar encomendas para as primeiras 6 a 10 conversões ainda este ano.

Dez encomendas representariam uma facturação de três milhões de euros. Para tal, «o resultado do concurso de Estugarda vai ser muito importante», frisa Jorge Pinto.

 

Internacionalização

Os eCobus não são a única aposta no mercado externo. Este ano, a empresa está a enviar para o mercado marroquino autocarros semi-montados – kits dos autocarros de turismoWinner. E a China vai ter «mais peso nas exportações». Neste país, onde a CaetanoBus opera através da Brilliance Caetano, uma joint venture com a Brilliance Auto, a empresa portuguesa está a enviar kits do modelo Cobus.

A previsão é que o envio destes autocarros semi-montados para a China e Marrocos representem uma facturação de 6 e de 1,5 milhões de euros, respectivamente.

No mercado dos aeroportos, a CaetanoBus vai ter de aumentar a produção de Cobus nas próximas semanas e voltar a ritmos de produção que já não impunha desde 2009, de cinco unidades por semana. Esse aumento de produção «pode vir a resultar na contratação de mais pessoal, até meio do ano ou mesmo antes», revela Jorge Pinto.

De Inglaterra também chegam boas notícias. A empresa, através da Caetano UK , renovou por mais três anos os contratos que tinha naquele país.

Em Junho, a CaetanoBus apresentará um novo autocarro para o segmento de turismo, para o qual já tem encomendas. «É um veículo de 40 lugares, mais estreito do que o normal, com uma capacidade de bagagem muito interessante e que se dirige àquele segmento de turismo que não exige um autocarro grande», explicou o presidente da empresa.

A CaetanoBus está ainda envolvida em vários concursos para fornecer 200 unidades de um outro autocarro parecido, mas para o segmento urbano.