A iniciativa surgiu "espontaneamente" através do Facebook, segundo explicou à Lusa Fernando Valdez da direcção do Sindicato dos jornalistas, que considera "sem qualquer justificação" este despedimento colectivo.
"As administrações [dos órgãos de comunicação social] não procuram encontrar soluções em diálogo com os trabalhadores e, perante dificuldades, preferem despedir", afirmou no decorrer do protesto, salientando que a saída "em massa" de mais de uma centena de jornalistas da Controlinveste "vai diminuir drasticamente" a qualidade da informação.
O grupo, que detém títulos como o Jornal de Notícias, Diário de Notícias, TSF e Jogo, terá alegado razões financeiras para o despedimento, mas os trabalhadores criticam a falta de outras soluções.
"Não foi considerada a possibilidade de renegociar os salários de topo, incluindo os das direcções, porque a administração considera muito baixa a média da TSF e diz que isso não resolvia o problema", contou à Lusa João Paulo Baltazar, jornalista desta rádio há mais de duas décadas.
No caso de João Paulo Baltazar, a direcção alegou motivos financeiros para o despedimento, por ganhar o salário mais alto da TSF entre aqueles que integram as equipas de informação, mas o repórter fotográfico da Global Imagens, Jorge Carmona, contou à Lusa que foi também despedido apesar de ganhar o salário mais baixo da sua empresa.
No protesto estiveram jornalistas de outros órgãos de informação e ainda representantes do PCP e do Bloco de Esquerda.
A direcção do sindicato defende que a situação económica só pode ser melhorada em diálogo com os trabalhadores, e não contra os trabalhadores, e diz que não vai desistir: "Vamos convocar plenários nas redacções e apelar à unidade dos trabalhadores para combater este e outros despedimentos", disse Fernando Valdez.
O grupo de comunicação social Controlinveste, detentor do Jornal de Notícias, Diário de Notícias, TSF e Jogo, entre outros, anunciou quarta-feira que vai despedir 140 trabalhadores e negociar a saída de mais 20.
"A evolução negativa do mercado dos media, tanto em Portugal como na Europa, e a acentuada quebra de receitas do sector impõem à Controlinveste Conteúdos uma decisão estratégica de redução de custos para garantir a sustentabilidade do nosso negócio", justificou ao conselho de administração do grupo.
Lusa/SOL