Ryanair: “Gostávamos de ver o aeroporto do Montijo desenvolvido”

O presidente executivo da Ryanair, Michael O’Leary, defendeu nesta quinta-feira que o Governo avance com o aeroporto para companhias aéreas de baixo custo (low cost) no Montijo

Ryanair: “Gostávamos de ver o aeroporto do Montijo desenvolvido”

"Gostávamos de ver o desenvolvimento do Montijo. Temos tentado encorajar o Governo a desenvolver esse aeroporto, permitindo que o tráfego civil opere", apelou o responsável da transportadora irlandesa, numa conferência de imprensa em Lisboa.

"As nossas conversações não levaram a lado nenhum nos últimos dois anos porque as autoridades estavam preocupadas com a privatização da ANA», sublinhou O’Leary, frisando, no entanto, que com essa infra-estrutura poderia aumentar-se dos 16 milhões de passageiros que passam agora por ano na Portela, para 20 milhões.

"A Ryanair certamente conseguiria transportar esses quatro milhões de crescimento adicional só por si, tendo em conta os preços que pratica e a capacidade de ligar Lisboa a muitos outros pontos na Europa", justifica.

"Lisboa é uma cidade com 1,5 milhões de habitantes e só tem 16 milhões de passageiros no aeroporto. Dublin tem um milhão de pessoas e recebe 24 milhões. Lisboa está mal servida porque não tem suficientes ligações a preços baixos", acrescenta.

Apesar de ter sido uma opção em cima da mesa, para já a opção do Governo e da Vinci (dona da ANA) é optimizar até ao limite a exploração do aeroporto da Portela, ainda que o plano estratégico da gestora aeroportuária não exclua completamente a possibilidade de avançar com a solução Portela+1.

Perante esse cenário, por exemplo, a concorrente Easyjet já assumiu que mesmo existindo um aeroporto complementar no Montijo, preferirá continuar na Portela, onde actualmente tem uma base aérea, porque a sua estratégia passa por operar preferencialmente em aeroportos principais.

Num encontro com jornalistas para relembrar o lançamento de novas rotas a partir de Lisboa no Inverno – Bremen, Eindhoven, Milão e Roma, que já tinham sido anunciadas em Abril – Michael O’Leary reconheceu ainda que o Ryanair não voltará a relançar a ligação entre Lisboa e Faro, que iniciou em Abril e cancelou após três dias de operação.

"Foi um erro", assumiu o presidente da low cost, explicando que não consegue competir com as boas ligações rodoviárias entre Lisboa e o Algarve. "Mesmo com o preço de 9.99 euros, não acho que seja viável encher um avião com quase 199 lugares nessa rota".

Este ano, a Ryanair, que opera em Lisboa, Porto e Faro, em 82 rotas, espera transportar de e para Portugal cerca de 5,7 milhões de passageiros.

ana.serafim@sol.pt