E Sigmar Gabriel, líder do SPD, afirmou hoje à Der Spiegel que “a eleição de Juncker para a comissão e a eleição de Schulz [para novo mandato na presidência do Parlamento Europeu] estão dependentes uma da outra”. E o comentário já recebeu a confirmação do porta-voz de Merkel, que disse “reflectir o estado das negociações dentro do Governo”.
A negociação também terá dado aos cristãos-democratas da chanceler, o maior partido da coligação governamental germânica, o direito de nomear o comissário que o país terá na equipa de Juncker. “O SPD aceitará um comissário da CDU desde que Martin Schulz seja eleito presidente do Parlamento Europeu”, confirmou Gabriel.
Declarações que confirmam a confiança de Merkel em torno da eleição de Juncker para a presidência do braço executivo da UE, que deverá ser confirmada no Conselho Europeu da próxima semana. O nome do luxemburguês surgiu através do Partido Popular Europeu, que à semelhança dos outros grandes grupos políticos do Velho Continente apresentou um candidato ao cargo durante a campanha para as eleições europeias de 25 de Maio.
Foi a interpretação dos partidos políticos europeus às alterações do Tratado de Lisboa, que recomendam o Conselho a “ter em conta os resultados das eleições europeias” na hora de escolher o sucessor de Durão Barroso. Uma jogada muito contestada pelo conservador Governo britânico, que acusa o Parlamento de interpretação abusiva das novas regras e defende que o método afasta os melhores candidatos de um cargo de importância vital para a UE.
David Cameron vê também com cepticismo o federalismo apregoado por Juncker. E partilha a ideia com os líderes de Suécia, Holanda e Hungria. As críticas de Matteo Renzi ao antigo primeiro-ministro luxemburguês ainda levaram Cameron a sonhar com uma minoria de bloqueio no Conselho, mas após reunião com Herman van Rompuy esta semana, o italiano terá garantido o seu voto a Juncker em troca de uma promessa de flexibilização da austeridade durante o próximo mandato da Comissão.