Após ter sido conhecida a decisão do tribunal, que condenou a penas de prisão entre os sete e os 10 anos de cadeia três repórteres da estação de televisão do Qatar vários países, incluindo os Estados Unidos e a Austrália, lançaram um apelo ao Presidente al-Sissi no sentido da libertação dos jornalistas.
"Eu disse ao ministro da Justiça que nós não interferimos nos assuntos judiciais", disse Al-Sisi à margem de uma cerimónia militar, sublinhando também a "independência dos juízes egípcios".
Intransigente, recusou-se a fazer comentários e pediu para que as "decisões judiciais sejam respeitadas mesmo que não sejam compreendidas".
Um membro do gabinete do chefe de Estado egípcio disse na segunda-feira à France Press que não pode ser aplicado qualquer tipo de indulto enquanto não for instituído um processo de recurso.
Os três jornalistas condenados são o australiano Peter Greste, o egípcio-canadiano Mohamed Fadel Fhamy e o egípcio Baher Mohamed.
No mesmo processo, dois jornalistas britânicos de uma estação de televisão holandesa, julgados à revelia, foram condenados a 10 anos de prisão.
No total, 20 pessoas foram julgadas: 16 egípcios acusados de envolvimento na "organização terrorista Irmandade Muçulmana" e por terem denegrido a imagem do país e os quatro estrangeiros sentenciados pelo crime de difusão de "notícias falsas".
O governo australiano já se mostrou consternado pela condenação, que considerou "assunto político" e exigiu um perdão para o jornalista Peter Greste.
A representante das Nações Unidas para os Direitos do Homem, Navi Pillay, afirmou que está "chocada e alarmada" , a Amnistia Internacional disse que se tratou de um "dia negro para a liberdade de imprensa" e a organização Human Rights Watch acusou os juízes de "estarem reféns da histeria, encorajada pelo chefe de Estado al-Sisi, contra a Irmandade Muçulmana".
Em Londres, os jornalistas da BBC cumpriram hoje um minuto de silêncio frente ao edifício da estação de televisão pública britânica, em sinal de solidariedade para com os jornalistas da Al Jazeera condenados na segunda-feira no Cairo.
O director da BBC, James Harding, disse que a sentença dos jornalistas é injusta e infundada e indicou que vários meios de comunicação social britânicos enviaram uma carta ao governo egípcio manifestando-se contra a decisão do tribunal do Cairo.
Muitos dos jornalistas da BBC saíram à rua com a boca amordaçada, enquanto outros empunhavam cartazes com frases que pediam a libertação dos repórteres presos.
Lusa/SOL