"A Jerónimo Martins, dentro de um ou dois anos, deve estar em Genebra. É lá que estão os mercados e a banca cá não dá a resposta" necessária, sublinhou Alexandre Soares dos Santos.
Além de "não existir banca" em Portugal, o empresário criticou a actual política fiscal.
O antigo presidente do conselho de administração da Jerónimo Martins afirmou que "os empresários devem exigir que o Estado devolva aquilo que cobra [em impostos] e que não está a utilizar", concluindo que o Estado "não assume as suas responsabilidade sociais".
"A iniciativa privada não pode estar calada e tem de defender os seus méritos", sublinhou, referindo que "quem deu cabo do país foram as empresas públicas e o Estado", apontando para o exemplo de "swaps mal feitas" e dos Estaleiros de Viana do Castelo, "que tinham cinco membros no conselho de administração e nenhum engenheiro".
Ainda em torno da crise, Alexandre Soares dos Santos criticou "a destruição da classe média", considerando que sem esta "o país não avança".
"Será que a dívida era assim tão importante para se impor o desemprego e para se impor o fim de empresas", questionou, apelando a uma maior intervenção por parte das elites nacionais.
As elites "têm uma responsabilidade acrescida para a mudança social e política", sublinhou, referindo que "há um défice de elites" em Portugal e que as que existem não assumem a sua responsabilidade "e não têm consciência da sua missão".
O antigo presidente da Jerónimo Martins falava no ciclo de conferências "Há Luz ao Fundo do Túnel?", organizado pela Ordem dos Economistas em parceria com o Clube MBA da Faculdade de Economia da Universidade de Coimbra.
Lusa/SOL