Numa entrevista publicada hoje no Jornal de Negócios, Schauble notou que quer a economia quer os números do emprego estão a recuperar em Portugal: "isso é um sucesso: mais pessoas estão a ter emprego e essa dinâmica tornar-se-á mais evidente ao longo do tempo".
"Portugal é uma história de sucesso, como é a Irlanda e a Espanha. A Grécia é também uma história de sucesso, mas mais difícil", referiu o ministro que, porém, se recusou a comparar Portugal e a Grécia.
Comentando a decisão de Portugal prescindir da última parcela do resgate financeiro da 'troika', o ministro alemão defendeu a necessidade de encontrar alternativas à decisão do Tribunal Constitucional de "cancelar medidas orçamentais".
"Isso demora tempo e teria causado atrasos neste último desembolso, o que poderia ser interpretado nos mercados como um sinal de que Portugal precisa de medidas adicionais para cumprir as suas metas, o que é completamente errado", afirmou o governante, acrescentando confiar em Portugal.
O ministro comentou ainda que "qualquer modalidade de assistência só pode ser concedida para resolver problemas".
"Dar assistência sem combater os problemas conduz a abusos e, pura e simplesmente, não faz sentido", concluiu.
Schauble disse ser compreensível procurar "alguém em quem possamos pôr a culpa pelas nossas falhas" e haver um apontar de dedo à Alemanha, mas afirmou que acredita que "a maioria das pessoas sabe que o governo alemão se preocupa com os assuntos europeus" e que quer é uma "Europa forte" num mundo globalizado.
O ministro sustentou que o Tratado Orçamental e o Mecanismo Europeu de Estabilidade "servem o melhor interesse de Portugal e do povo português".
Quanto à Alemanha, Schauble considerou ser uma "lição bem sabida" o incumprimento do Pacto de Estabilidade em 2004, recordando que a chanceler Merkel pediu desculpas e garantiu que iria cumprir as regras no futuro.
"Estamos determinados em manter essa promessa viva porque ela é a base para que a Europa possa avançar", acentuou.
O governante defendeu que se deve procurar o "mais cedo possível" uma solução comum e uma decisão unânime quanto à criação de um Tesouro e de um ministro das Finanças do euro, referindo que se deve "confiar em estruturas e instituições".
Wolfgang Schauble reiterou ainda que o próximo presidente da Comissão Europeia será Claude Junker, de acordo com os resultados das últimas eleições europeias.
Lusa/SOL