Depois de, em 2013, o investimento das empresas portuguesas em Moçambique ter registado uma quebra de mais de 3,5 milhões de euros face a 2012, quando foram realizados investimentos de 129,6 milhões de euros, o interesse empresarial português na economia moçambicana reavivou no primeiro trimestre deste ano.
Dados do Centro de Promoção de Investimentos (CPI) moçambicano, referentes aos três primeiros meses de 2014, colocam as empresas portuguesas no topo da lista de investidores estrangeiros, com um valor global de mais de 150 milhões de euros, ou seja, 5,1% superior ao realizado em 2013.
Caracterizados pela criação de um grande número de postos de trabalho face a outros investidores estrangeiros, os investimentos portugueses têm-se concentrado nas áreas de construção, banca e seguros, comércio, atividades imobiliárias, mas também nos setores de eletricidade, gás e água, assim como em indústrias transformadoras.
Na relação comercial entre os dois países, as empresas portuguesas têm em Moçambique um mercado de exportação avaliado em 327 milhões de euros, segundo dados da Agência para o Investimento e Comércio Externo de Portugal (AICEP) relativos a 2013, muito marcado pela venda de maquinaria, metais e produtos alimentares.
Já Moçambique, que exportou para Portugal mercadorias no valor de 63 milhões de euros no último ano, impõe o seu interesse através dos seus produtos alimentares e agrícolas, assim como matérias têxteis.
Nesta dinâmica comercial, e ainda segundo o AICEP, Moçambique tem em Portugal o seu 11.º melhor cliente, que é o sexto maior fornecedor da economia moçambicana.
Embora oscilantes, as relações económicas entre os dois países têm vindo a ser cada vez mais fortalecidos ao mais alto-nível, através do estabelecimento de acordos bilaterais entre os dois Governos, que, de resto, se pode afirmar que galoparam desde a reversão do capital português na Hidroeléctrica de Cahora Bassa (HCB), um processo iniciado pelo executivo socialista de José Sócrates, em 2007, e concluído pelo atual Governo de Pedro Passos Coelho, em 2012.
A reversão do capital português na HCB marcou um ponto alto na presidência de Armando Guebuza, que pôde assim proclamar a "segunda independência de Moçambique", mas a explosão mediática do país através da descoberta de recursos naturais estará também para sempre associada à sua governação, que termina em outubro.
Embora modesta, também a presença portuguesa se faz sentir nesta odisseia económica que se avizinha, estando assegurada pela petrolífera Galp, que detém uma participação de 10% na concessão da italiana ENI no bloco Área-4, da bacia do Rovuma, no norte de Moçambique, para a exploração de gás natural.
O chefe de Estado de Moçambique visita Portugal entre os dias 01 e 02 de julho a convite do seu homólogo português, Aníbal Cavaco Silva, devendo Armando Guebuza encontrar-se com o primeiro-ministro, Passos Coelho, além da presença num seminário empresarial, na terça-feira em Lisboa, juntando cerca de 300 investidores, 31 dos quais moçambicanos.
Lusa / SOL