O alemão volta assim a assumir o cargo que ocupou durante a segunda metade da legislatura depois de ter sido candidato dos socialistas europeus à presidência da Comissão Europeia. A sua escolha foi anunciada há semanas, quando os Governos socialistas da Europa aceitaram apoiar Jean-Claude Juncker para suceder a Durão Barroso na Comissão, garantindo o apoio dos populares à continuidade de Schulz no Parlamento.
E por ter sido um dos que anunciou o “fim dos jogos de bastidores” e tentou ser o “primeiro presidente da Comissão a ser eleito em vez de ser licitado em reuniões de porta fechada”, Schulz ouviu duras críticas dos três adversários que enfrentou.
“Estou aqui hoje porque eu e o meu grupo político não aceitamos que o Conselho ou um Governo nos venham dizer em quem deveríamos votar para presidir a este parlamento”, afirmou em plenário a austríaca Ulrike Lunacek, candidata dos Verdes. Já Sajjad Karim, candidato do grupo de Conservadores e Reformistas Europeus do britânico David Cameron, terminou a sua intervenção com uma pergunta aos colegas: “Ireis votar por uma combinação de corredor ou por uma Europa que seja digna da democracia?”.
E também o espanhol Pablo Iglesias Turrión, rosto da Esquerda Unida na batalha pela presidência do hemiciclo, apelou à união dos povos do Sul, a quem pediu para que “não partilhem este sequestro de democracia”.
Antes da votação, Schulz lembrou os “cerca de 300 partidos representados” numa câmara que reúne membros de 28 Estados. “Só o facto de estarmos aqui numa sala e podermos discutir quem entre nós poderá ser nomeado para a presidência é um dos sucessos históricos deste continente”. O alemão sublinhou as diferenças existentes entre os 751 deputados para considerar “normal” a negociação de maiorias. “Precisamos de consensos e para isso precisamos de uma maioria, é normal”, afirmou antes de lembrar que apesar do acordo alcançado “o momento da votação dá toda a liberdade para que cada um vote como quiser”.
A maioria foi ampla num hemiciclo onde faltavam 28 deputados e onde 101 membros resolveram não escolher nenhum dos candidatos. Sajjad Karim ficou no segundo lugar, também com 101 votos, seguindo-se Iglesias e Lunacek, ambos com 51.
“Agradeço a confiança que me dão e espero vir a convencer os que não votaram em mim”, afirmou Schulz já de novo na condição de Presidente. “Antes das eleições, decidiu-se que quem ganhasse deveria apresentar o candidato para a presidência da Comissão Europeia. Depois várias discussões deixaram isso em causa, mas um candidato do Parlamento foi designado e considero isso um processo que os deputados desta casa têm de ver como um grande sucesso”, comentou o alemão numa referência à eleição de Juncker para suceder a Durão Barroso no braço executivo da UE.