O ex-chefe de Estado falava à TF1 e à rádio Europe 1. Formalmente acusado de tráfico de influências e violação do segredo de justiça por supostamente corromper um magistrado a troco de informações sobre uma investigação de que é alvo, Sarkozy declarou-se inocente.
“Digo a todos os que me ouvem e vêem que eu nunca os traí e que nunca cometi qualquer acto contra os princípios republicanos ou contra o Estado de direito”, afirmou, declarando-se “chocado” com a sua detenção e com os crimes que lhe são imputados.
“Tudo está a ser feito para me atribuir uma reputação que não é verdadeira”, acusou. “A situação é suficientemente grave para que diga ao povo francês o que se passa em termos da exploração política de parte do sistema judicial”, acrescentou.
Sarkozy atribuiu a conspiração, ou as “coisas que estão a ser organizadas”, ao sindicato dos magistrados afecto à esquerda socialista.
Ontem, o ex-Presidente tornou-se no primeiro antigo chefe de Estado gaulês a ser detido, conjuntamente com o advogado Thierry Herzog e dois juízes do supremo tribunal francês. Um dos magistrados é acusado de ter fornecido a Sarkozy dados da investigação às suspeitas de financiamento ilegal da campanha presidencial de 2007 a troco da nomeação para um cargo de prestígio no Mónaco.
Escutas telefónicas conduzidas ao longo dos últimos meses revelaram que Sarkozy continua a contar, dois anos depois da saída do Eliseu, com uma importante rede de informadores no seio da estrutura policial e judicial.
A detenção desta semana coloca em dúvida os planos de Sarkozy para um regresso à política activa. O líder da direita francesa contava com o desgaste do Presidente socialista François Hollande, e com o vazio de liderança no sector conservador, para uma nova candidatura ao Eliseu.