À sexta presença no Tour, o ciclista português de 27 anos, já com três vitórias em etapas no currículo, vai liderar pela primeira vez uma equipa, a italiana Lampre, e para o exterior passa apenas a mensagem de que tentará “fazer o melhor possível”.
Sendo impossível escapar à ideia de que estará em cima da bicicleta para lutar pela classificação geral, Rui Costa recusa elevar as expectativas à partida. Prefere não abrir o jogo, como é seu costume e parece resultar.
“É a minha estreia com esta mentalidade e, desse modo, não tenho nenhuma referência concreta sobre o que posso fazer”, declarou numa entrevista ao site biciclismo.com.
A referência que existe é esta: Rui Costa foi 18.ª em 2012 e 27.º em 2013, ao serviço da espanhola Movistar, quando tinha por missão ajudar o chefe-de-fila Alejandro Valverde e o número dois da equipa, Nairo Quintana. Mais: nas etapas de alta montanha da última edição, acompanhou quase sempre o grupo dos melhores, até ser solicitado para trabalhar na frente e esgotar as forças em prol de outros.
E depois há as três vitórias consecutivas na Volta a Suíça, um feito inédito na história, numa prova que serve de barómetro para a Volta a França. Ainda que dure apenas uma semana e não três, o que faz bastante diferença, não deixa de ser um teste aos melhores trepadores.
Com uma equipa a fazer por ele o que ele fez pelos outros até agora – na qual se inclui o compatriota Nelson Oliveira e o veterano norte-americano Chris Horner, vencedor da Volta a Espanha do ano passado e que trabalhou anos a fio para Lance Armstrong -, Rui Costa terá legítimas aspirações a discutir um lugar entre o top-10 do Tour.
Nas principais casas de apostas, de resto, o nome do português surge na sétima posição, atrás da dupla Froome/Contador e do italiano Nibali, do espanhol Valverde e dos norte-americanos Talansky e Van Garderen.
Confrontado na entrevista já citada sobre a possibilidade de lutar por um lugar no pódio, Rui Costa jogou outra vez à defesa: “Não posso dizer que o meu objectivo é ser terceiro, porque até ao momento nunca lutei por essas posições e há adversários que sabem o que é subir ao pódio do Tour e, inclusive, vencer provas de três semanas. Ciclistas como Nibali, Valderde, para citar apenas dois, têm mais experiência do que eu e são mais favoritos para subir ao pódio. Não há discussão sobre isso”.
Além do campeão do mundo, que irá correr com a camisola arco-íris conferida por esse estatuto, e do seu companheiro na Lampre, Nelson Oliveira, Portugal terá mais três ciclistas na corrida mais prestigiada do ciclismo.
Sérgio Paulinho, que ao serviço da Saxo-Tinkoff ajudará Contador a tentar roubar o título a Froome, e ainda Tiago Machado e José Mendes (ambos da NetApp) completam o quinteto, naquele que será o maior contingente nacional desde 1984.
Contador ameaça Froome
Numa edição em que Chris Froome procura tornar-se o primeiro bicampeão legítimo desde Miguel Indurain em 1995 (Armstrong ficou sem as sete conquistas, de 1999 a 2005, por doping), os ciclistas terão apenas um contra-relógio individual no programa (dia 26) e seis etapas de alta montanha (a 14, 18, 19, 22, 23 e 24 de Julho).
Tendo em conta o que se viu no recente Critério Dauphiné Libéré, a outra corrida além da Volta a Suíça que serve de teste para o Tour, Contador irá aparecer bem mais forte nas estradas franceses. O espanhol deixou o britânico para trás nas subidas mais íngremes e, uma vez que o percurso deste ano atira as grandes decisões para a montanha, antevê-se uma grande batalha para os Alpes e Pirenéus. É preciso é 'sobreviver' à quinta etapa, recheada de estradas em paralelo, propícias a quedas 'fatais'.