Depois de no ano passado o sector ter assistido a uma tendência de inversão da queda do consumo de combustíveis, os primeiros meses deste ano voltaram a ser menos positivos para as petrolíferas.
Esta descida está em linha a está em linha “com os dados macroeconómicos. O impacto das medidas do agravamento fiscal sentiu-se se a partir de Janeiro. Data em que muitos consumidores sentiram essas medidas reflectidas no seu rendimento”, explicou ao SOL António Comprido.
A queda do consumo levou mesmo ao encerramento de alguns postos de combustível. “Ao contrário do que a maioria pensa, é um negócio com muita fraca rentabilidade, que mal paga o capital empregue”, detalha o responsável. Por esta razão, “é natural que alguns postos, os mais pequenos, não tanto os ligados às grandes marcas, cheguem a uma situação de insolvência”.
No entanto, sublinha que esta situação não se deve só à crise económica: “Portugal é dos países europeus com maior densidade de postos de combustíveis, o que significa que as vendas por posto sejam relativamente pequenas. Temos postos em que as vendas são menos de metade da média dos postos em França”, exemplifica.
No que toca às queixas por parte dos consumidores dos preços dos produtos petrolíferos serem elevados, António Comprido explica que “por cada litro vendido de combustível entre 50 a 60% é para impostos, quer para o ISP quer para o IVA. Cerca de 30% é o preço do produto à saída da refinaria, sobrando uma margem de 10% para pagar toda a cadeia de valor”. Ou seja, “é um bocado ilusão pensar que se consegue reduzir substancialmente o preço dos combustíveis”, sustenta.
Além disso, o secretário-geral da Apetro frisa que “olhando para os produtos energéticos, os combustíveis líquidos são os únicos no sector energético onde houve uma queda nos preços nos últimos anos. A electricidade e o gás natural continuam a subir…”.
Então como se consegue baixar os preços? “Só através de duas situações. A primeira, que está completamente fora do nosso controlo, passa pelo preço do produto à saída das refinarias. É um mercado global e nem Portugal nem qualquer outro país tem capacidade para baixar ou subir o preço”. A segunda “é uma questão de política fiscal, compete aos governos decidir qual é a fiscalidade que quer sobre os produtos energéticos”.