Não que tivesse instituído uma farda para a sua equipa, mas instituiu a moda, à custa do seu gosto pessoal e da repetição copiosa do traje. Tanto que era vulgar ouvir-se na época: 'as meninas dos blazers do Dock's'. Talvez aqui já Cláudia tivesse aberto as portas à sua faceta de visionária, que também soube aplicar quando, quase duas décadas volvidas, criou o seu negócio por conta própria: hambúrgueres em bolo do caco – o típico pão da Madeira. “Quando comecei ninguém falava em bolo do caco. Hoje está por todo o lado”, diz, de sorriso aberto e sem querer registar a 'patente'.
Falamos da marca, esta sim registada, Bolo do Caco – Hamburgueria Gourmet, já com três casas abertas. Uma em Oeiras, outra no Monte Estoril e uma outra no Mercado de Fusão do Martim Moniz, que foi aliás onde Cláudia Saraiva descobriu o segredo do seu sucesso: o bolo do caco. Foi precisamente há dois anos, que se estreou como empresária da restauração com um quiosque na Praça do Martim Moniz, o Botequim do Moniz. Como a mãe da sua ex-sócia era brasileira, não foi difícil encontrar a temática para o espaço. “Quis mesmo um botequim inspirado nas 'lanchonetes', com os salgadinhos, as coxinhas, os pães de queijo, os quibis, o açaí… Mas havia que apresentar algo mais consistente para que as pessoas pudessem fazer ali uma refeição. Pensei primeiro nas tostas gourmet, um verdadeiro sucesso. Tanto que em pleno Inverno continuava a ter esplanada cheia de gente. Como o espaço é brasileiro, decidi depois fazer uns pregos de picanha e pensei em servi-los num pão diferente: o bolo do caco. Um fenómeno, num só dia vendi 100 pregos de picanha”.
Com as receitas a aumentarem e já sem sócia, Cláudia quis expandir rapidamente o seu negócio. Percebeu que o bolo do caco tinha potencial para ser o motor da sua nova aposta em restauração. Um ano depois de ter inaugurado o Botequim do Moniz, abriu então a primeira casa do Bolo do Caco – Hamburgueria Gourmet, em Oeiras, no dia 6 de Setembro de 2013. Correu tão bem que, meio ano depois, já tinha a segunda casa aberta – um quiosque ao lado do seu botequim na Praça do Martim Moniz. Seguiu-se, finalmente, a casa do Monte Estoril, esta com uma maior capacidade para os comensais e mais requintada que as suas antecessoras. “Para cada novo sítio que abro introduzo um hambúrguer novo, que tenha a ver com o local. Por exemplo, no Martim Moniz tenho o Dragon Burguer, à base de caril, tikka massala e mango chutney, e no Monte Estoril tenho o Saboia Burguer, com camarão e ovas de lumpo. Mas um dos que tem mais saída em todo o lado é o hambúrguer com queijo da serra”.
O sucesso das casas, “sempre cheias”, também se deve à qualidade da carne que serve, garante. “É fresquíssima e 100% bovina. Trazem-ma diariamente, é por isso que posso vender hambúrguer tártaro”.
Neste momento, a empresária emprega 30 pessoas ao todo, “só no Estoril são 13 e tenho chefes de cozinha à séria”. Na bagagem, já trazia a experiência de trabalhar com um dos empresários mais emblemáticos da noite de Lisboa, Pedro Luz, também ele com perfil vanguardista. Começou pelo extinto bar 24 de Julho, como porteira e assumiu depois a gerência do Gringo's, o primeiro tex-mex (inspirado na cozinha americana e mexicana) do país, do Dock's, Companhia das Sandes e Zocco. “Foram 20 anos a trabalhar com o Pedro Luz. Faço exactamente a mesma coisa que já fazia, só que agora para mim”, diz a mulher que também já foi modelo de carreira e cursou Design de Moda no IADE, mas que se 'encontrou' na restauração. “Posso dizer que sou feliz”.