Em comunicado divulgado na quinta-feira, o SJ aponta que "o despedimento colectivo de 140 trabalhadores, 66 dos quais jornalistas, assume uma violência e uma dimensão que não há memória nas quatro décadas da democracia portuguesa, pelo que uma forte adesão à greve é essencial para repudiar o despedimento colectivo e a descaracterização dos títulos" detidos pelo grupo.
"Em causa está a defesa dos postos de trabalho, assim como a qualidade de informação produzida pelo Diário de Notícias, Jornal de Notícias, O Jogo, Notícias Magazine, TSF e Global Imagens", refere o sindicato.
Na segunda-feira, dezenas de trabalhadores da Controlinveste concentraram-se em Lisboa para contestar o despedimento colectivo no grupo de comunicação social e alertar para o impacto que a medida terá no pluralismo da informação e na democracia portuguesa.
Entre os títulos afectados pela decisão da administração, liderada por Proença de Carvalho, está o Jornal de Notícias, em que está previsto o encerramento das delegações de Braga, Viana do Castelo e Coimbra e o despedimento de 10 jornalistas em Lisboa, com o desaparecimento da totalidade da secção de política.
A 11 de Junho, o presidente do Conselho de Administração da Controlinveste Conteúdos, Daniel Proença de Carvalho, afirmou que as medidas, que incluem o despedimento de trabalhadores, "embora dolorosas, são indispensáveis para que o grupo possa crescer sustentadamente no futuro próximo".
O grupo pretende despedir 140 trabalhadores e negociar a saída de mais 20.
Em Junho, numa declaração escrita enviada à Lusa, Proença de Carvalho referiu que "o capital que os novos accionistas investiram na empresa permitiu restaurar as suas finanças, mas a sua sustentabilidade futura e o seu crescimento exigem uma equilibrada adequação dos seus custos às realidades económicas do sector, que, como se sabe, tem vindo a conhecer uma profunda crise".
"Esse equilíbrio impõe uma política de poupança de custos que tornou exigível a adaptação dos recursos humanos do grupo às realidades do sector e das suas empresas", justificou.
Proença de Carvalho considera que "os media só podem cumprir o seu relevante papel nas sociedades democráticas, com independência e liberdade, se forem financeiramente sustentáveis e, por isso, é dever das administrações preservarem a independência financeira das empresas".
A administração da Controlinveste é presidida por Proença de Carvalho desde a recente recomposição accionista que integrou no capital da empresa os empresários António Mosquito (27,5%) e Luís Montez (15%), além dos bancos BCP e BES (ambos com 15%). O anterior proprietário, Joaquim Oliveira, passou a deter 27,5%.
Lusa/SOL