Mete-te na tua vida, pá!

É lugar comum, nos dias que correm, criarem-se todo o tipo de teorias sobre os casais, sobre a forma como se relacionam e as dificuldades que encontram num mundo cada vez mais egoísta em que o culto do indivíduo nunca antes estivera tão exacerbado. 

Tal como no futebol, existe um treinador de bancada em todos nós que nos ‘permite’ exercer todo o tipo de comentários e conclusões sobre os relacionamentos alheios, as atitudes, formas de estar e comportamentos. Ver alguém imiscuir-se na vida dos outros tornou-se prática habitual, sendo essa uma das razões principais para o desgaste e posterior deterioração das relações de amizade – talvez por inveja ou simplesmente por falta de vida própria.

A noite é muito dada a este tipo de confusões, talvez porque as pessoas a usam para descarregar frustrações ou tão só porque querem desempenhar um papel que não conseguem no dia-a-dia. É por isso que dou cada vez mais valor aos casais que saem juntos, seja para jantar, beber um copo ou divertirem-se com amigos.

Esse é para mim um teste fundamental à confiança de duas pessoas que querem partilhar a vida da mesma forma. Passar pelo incómodo de ver um sem número de rapazes a meterem-se de forma descarada com a tua namorada ou mulher, passando muitas vezes o limite do razoável, ou ter que enfrentar um conjunto de miúdas que se riem e fazem olhinhos ao teu namorado ou marido. Aquela pessoa que lhe fala quando ele vai sozinho ao bar ou a outra que dança ostensivamente à sua frente quando decide pôr um pé na pista de dança.

Tudo se resume ao respeito que cada vez mais se revela em desuso ou à falta de amor próprio que certas pessoas revelam entrando na política do ‘vale tudo’ em que amigos se insinuam a namoradas de outros, em que familiares se intrometem nas relações dos seus próximos. 

O desafio de ter uma vida social e manter ao mesmo tempo uma relação estável tornou-se por todas essas razões e mais algumas uma montanha difícil de escalar, sendo que fechares-te em casa escondendo o teu ‘mais que tudo’ não é de todo solução. Cada vez o mundo globalizado se compadece menos com isolamentos e monotonias e mais cedo ou mais tarde alguém se vai fartar.

É por essa razão que vivemos numa era de crise emocional e de instabilidade sensorial em que todos têm acesso a todos e em que o pensamento voltou ao de tempos longínquos entre presa e predador. Resta saber quem levará a melhor e se depois desta guerra entre liberdade e libertinagem o conceito ‘relação’ se manterá igual.

Sugestões:

l Club: Guendalina ( Lecce, Itália )
l Musicas: Turn Around ( Ame Remix ) – Sailor & I
l Let me Down ( Tube & Berger Remix ) – Daniel Steinberg