Em declarações aos jornalistas, o ministro da Saúde, Paulo Macedo, disse que a Inspecção-geral das Actividades de Saúde (IGAS) fará a análise destes casos, nomeadamente a "priorização" dada aos doentes e se esperaram tempo demais ou não.
"Temos, em primeiro lugar, que lamentar as mortes. Em segundo lugar, temos de ter a certeza que as pessoas recebem o tratamento adequado em tempo adequado. E é isso que vamos analisar", disse à margem da cerimónia de assinatura de um protocolo entre o Ministério da Saúde e a Universidade Nova de Lisboa.
Recordando que as situações denunciadas pela Ordem dos Médicos ocorreram no primeiro trimestre deste ano, Macedo sublinhou que é necessário perceber a razão para terem sido agora relatadas: "Temos também de ver porque é que isto surge quando os hospitais estão a começar a associar-se para obter preços mais baratos neste tipo de dispositivos clínicos".
Questionado sobre se restrições orçamentais poderão ter contribuído para estes casos, o ministro afirmou que "qualquer entidade tem um orçamento limitado".
"Quantidades limitadas teremos todos de ter. É preciso perceber se foi por questões de material ou não, e vamos vê-lo serenamente. (…). Qualquer entidade tem um orçamento limitado, mas os valores que existem para tratar os doentes são substanciais e têm de ser priorizados", disse.
Paulo Macedo acrescentou ainda que "outras acusações" de casos anteriormente noticiados vieram a revelar que "nada tinham a ver com o que foi divulgado pela comunicação social", aguardando por isso as conclusões da IGAS.
A IGAS abriu um procedimento de averiguações à morte dos dois doentes, denunciada pela Ordem dos Médicos, por alegadamente não terem recebido a tempo um dispositivo para o coração.
A Ordem revelou, na terça-feira, que os dois doentes terão morrido enquanto se encontravam em lista de espera, no Hospital de Santa Cruz, em Carnaxide (Centro Hospitalar de Lisboa Ocidental), para receber dispositivos médicos para tratar, por via percutânea, uma estenose aórtica de alto risco.
O presidente do conselho regional do Sul da Ordem, Jaime Teixeira Mendes, admitiu que este organismo pode levar o caso aos tribunais, nomeadamente contra o conselho de administração da unidade hospitalar, que "tem conhecimento da situação" e até o próprio ministro da Saúde, enquanto alegado responsável pelos constrangimentos financeiros, que terão estado na base desta falta de material.
Lusa/SOL