Provedor das agências de viagens alerta para empresas ‘online’ sem identificação

O provedor do cliente das agências de viagens e turismo, Vera Jardim, avisou hoje que tem recebido muitas reclamações relativas a empresas que trabalham apenas através da Internet sem estarem devidamente identificadas, pelo que as queixas ficam sem provimento. 

Numa conferência de imprensa realizada em Lisboa, Vera Jardim referiu que até ao final de Junho indeferiu 41 reclamações por dizerem respeito a agências que não são sócias da APAVT-Associação Portuguesa dos Agentes de Viagens e Turismo, que representa 90% do sector. Destas queixas, "uma grande percentagem eram relativas a agências que não são identificadas nem identificáveis", pelo que não têm condições para ser analisadas também pelo Turismo de Portugal.

"Todos sabemos a situação em que se encontra o país, pelo que há uma tendência naturalíssima das pessoas em procurarem preços mais baixos para terem a possibilidade de fazer viagens, e que tem levado à procura dessas agências na internet que não têm os mesmos gastos e garantias das outras", alertou, acrescentando que estas empresas muitas vezes "não são sequer identificáveis quanto à sua localização, actividade ou historial".

Lembrando que já tinha lançado o mesmo alerta há cerca de um ano, o provedor referiu que em 2013 o número de queixas recebidas com este mesmo problema totalizou 92. "Neste ano, no que posso identificar como um quarto do ano turístico que já decorreu, pelo que o grosso das queixas vem ainda a caminho, recebemos 41. Tirem as vossas conclusões."

Vera Jardim sublinhou ainda que não tem nada contra as agências de viagens na Internet, até porque "é um canal que as empresas terão de ter cada vez mais no futuro".

O provedor do cliente elogiou ainda um estudo divulgado esta semana pela Deco, que concluiu que duas agências de viagens 'online' davam informações enganosas aos seus clientes. "Não conheço ainda o estudo, mas pretendo reunir-me com a Deco para conhecer melhor o seu conteúdo", informou.

Até ao final de Junho, tinham sido entregues 252 reclamações ao provedor do cliente, sendo as alterações de programa o principal motivo para as reclamações.

Do total,  43 diziam respeito à alteração do programa inicialmente contratado, incluindo mudanças nos horários dos voos, no itinerário, excursões que já não se iriam realizar e principalmente, mudanças de hotel imprevistas, informou Vera Jardim.  

As más condições de alojamento foram um motivo importante nas queixas já entregues ao provedor, num total de 22 pedidos de apreciação, tal como os atrasos com voos, que deram origem a 17 das 252 queixas recebidas pelo provedor até ao final de Junho. Nesta âmbito, mostrou-se preocupado com as notícias sobre atrasos e cancelamentos em voos da TAP. 

"Não temos ainda 'feedback' dessas notícias, porque são muito recentes, mas fazem-me temer que possamos vir a ter bastantes queixas relacionadas com esses atrasos e cancelamentos, se continuarem a ocorrer no mesmo nível. É uma preocupação nossa", reagiu, questionado pelos jornalistas sobre os problemas com ligações aéreas da TAP.

"Quanto ao fundamento das queixas, não houve uma grande alteração relativamente ao ano passado", indicou o provedor do cliente. "Não conseguimos ainda uma mudança de paradigma, quer no comportamento das agências quer no teor das reclamações", acrescentou.

Vera Jardim sublinhou que por enquanto, o número de queixas "é exíguo" porque se trata do primeiro semestre, uma vez que "75 a 80% das queixas ainda estão por vir, ou mesmo mais".  

"Informação, informação, informação", aconselhou também a quem pretende viajar, insistindo para que os consumidores não tenham problema em colocar as questões que pretendem saber. Já quanto às agências, frisou que devem apostar na "transparência".

Lusa/SOL