Não é a primeira vez que um avião civil é abatido por um míssil

A tragédia desta quinta-feira no leste da Ucrânia, com o presumível abate de um Boeing 777 da Malaysia Airlines por um míssil, não é inédita. Nem sequer na Ucrânia.

Não é a primeira vez que um avião civil é abatido por um míssil

A 4 de Outubro de 2001, poucos dias após os atentados de 11 de Setembro em Nova Iorque e Washington, um Tupolev TU-154 da Siberia Airlines que ligava Telavive (Israel) a Novosibirsk (Rússia) foi abatido a sul da costa ucraniana. Oficialmente, Kiev nunca admitiu a responsabilidade pelo incidente, mas em 2003 a Ucrânia chegou a um acordo com Israel para o pagamento de indemnizações aos familiares das vítimas – 78 pessoas, a maioria de nacionalidade russa e israelita.

Esta primeira tragédia nos céus ucranianos a envolver um míssil e um avião civil terá sido acidental, ocorrendo durante um exercício militar. Mas outros abates foram intencionais. Em 1993, três aviões georgianos foram abatidos no espaço de três dias na região separatista da Abecássia, vitimando mais de 150 pessoas.

Também foi intencional o abate de um Boeing 747 da Korean Air Lines, em 1983, pela força aérea soviética sobre a ilha russa de Sacalina, no extremo leste do antigo império comunista. O avião de passageiros que ligava Nova Iorque a Seul ter-se-á desviado da rota e entrado numa área de acesso restrito na mesma altura em que a força aérea norte-americana realizava um voo de reconhecimento nas proximidades. 269 pessoas morreram no incidente, que foi um dos momentos mais tensos da Guerra Fria – 62 vítimas eram de nacionalidade norte-americana.

Em 1988 foi a vez de um míssil cruzeiro norte-americano causar outra perda em massa de vidas civis. Um avião das linhas aéreas iranianas foi abatido depois de um navio de guerra dos EUA ter confundido a aeronave com um caça inimigo. No voo de Teerão para o Dubai seguiam 290 pessoas, e nenhuma sobreviveu ao ataque.

Um dos maiores mistérios da aviação internacional também poderá ser explicado com um disparo ‘acidental’ de um míssil. A 27 de Junho de 1980, um avião civil italiano com 81 pessoas a bordo que ligava Bolonha a Palermo despenhou-se junto à ilha de Ustica, no mar Tirreno. Numerosas investigações judiciais nunca chegaram a bom porto, mas em 2013 um tribunal italiano declarou haver “provas abundantes” de que a aeronave terá sido abatida por um míssil. No momento do desastre, a marinha francesa realizava um exercício militar naquelas águas.

Em 1973, um Boeing 727 civil líbio com destino ao Cairo foi abatido pela aviação israelita depois da aeronave ter entrado em espaço aéreo controlado pelas forças hebraicas, matando 108 pessoas – cinco passageiros sobreviveram.