"Se tivesse sido eu a decidir tinha optado por outra prioridade. A capacidade submarina é importante mas a prioridade era o navio polivalente logístico por causa do risco de ameaças, tipo de conflitos e do emprego mais provável desses meios", declarou.
Nuno Severiano Teixeira respondia na comissão de inquérito aos programas de aquisição de equipamentos militares, no Parlamento, na qualidade de ex-ministro da Defesa, cargo que exerceu entre 2005 e 2009, no governo presidido por José Sócrates.
O ex-governante argumentou que aquele tipo de navios "tem maior empregabilidade" porque pode ser usado em missões humanitárias, operações de paz e para a retirada de cidadãos nacionais de locais de conflito ou de situações de crise.
"Nesse sentido, Portugal podia ganhar mais operacionalidade e por essa via maior visibilidade internacional do que com os submarinos", defendeu, acrescentando que caso tivesse que tomar a decisão, optaria em primeiro lugar pelo navio e só depois pelos submarinos.
Nuno Severiano Teixeira frisou em seguida que "até hoje não foi possível encontrar maneira de adquirir o navio polivalente logístico".
Os contratos para a aquisição de submarinos alemães foram celebrados durante o mandato do ex-ministro da Defesa Paulo Portas, em 2003.
Ouvido pelos deputados no passado dia 18, Paulo Portas defendeu a sua opção destacando a "obsolescência dos materiais" e as respectivas "consequências de risco de vida dos militares".
Na audição de hoje, a deputada do BE Mariana Mortágua manifestou estranheza pelo facto de a garantia dos equipamentos militares terem garantias tão curtas, dizendo que até um "leitor de música" têm uma garantia superior.
"O período de garantia dos P3 Orion tem uma garantia de dois anos, o dos submarinos era de um ano. É normal haver garantias tão curtas?", questionou Mariana Mortágua.
"Não sei porque é que só tem um período de um ano. Eu também quando compro um electrodoméstico procuro estender o prazo de garantia", respondeu o ex-governante.
Questionado pelo deputado do PS José Magalhães, Nuno Severiano Teixeira afirmou que nunca equacionou alterar os contratos de aquisição dos submarinos.
Sobre o processo judicial relativo à aquisição dos submarinos, o ex- ministro disse que deu indicações para que o ministério da Defesa prestasse toda a colaboração ao Ministério Público para que fossem disponibilizados "os documentos considerados pertinentes" e revelou que houve dois momentos, o primeiro no próprio ministério da Defesa e um segundo pedido para obter acesso "à documentação existente" no Forte de São Julião da Barra.
Nuno Severiano Teixeira assinalou que durante o seu mandato "nunca foi incomodado" por quaisquer pressões ou `lobbies´ e acrescentou que esteve por duas vezes na conferência de Munique, Alemanha, [sobre segurança] mas foi sempre recebido pelo embaixador português.
"Nem sabia que havia um cônsul honorário em Munique", disse, aludindo ao antigo cônsul que foi condenado pela justiça alemã por corrupção na venda de equipamento militar a Portugal e à Grécia.
Lusa/SOL