"A atribuição do título justifica-se pela relevância da obra no contexto da literatura ibero-americana, reconhecida, em 1994, pelo Prémio Cervantes, e, num plano mundial, pelo Nobel da Literatura, recebido em 2010", e pelo facto de a estas distinções se juntarem ainda os prémios PEN/Nabokov, Príncipe das Astúrias e Grinzane Cavour, afirma em comunicado a Casa da América Latina (CAL).
Em declarações à Lusa, o poeta Nuno Júdice, professor naquela instituição e que foi o proponente do título, realçou o grande escritor e homem de cultura que Llosa é, e também a sua "intervenção permanente em termos políticos, nos seus artigos sobre vários acontecimentos das últimas décadas no mundo, [que] tem denunciado situações muito complicadas, desde o que se passa no mundo árabe até outras situações de ditaduras".
A cerimónia às 18h00, no auditório da Reitoria, no campus de Campolide, é presidida pelo reitor da Universidade, António Rendas, e conta com a presença do poeta e professor do Departamento de Línguas, Culturas e Literaturas da Faculdade de Ciências Sociais e Humanas, Nuno Júdice, sendo o ato apadrinhado pelo doutor honoris causa Francisco Pinto Balsemão.
Na proposta de doutoramento "Honoris Causa", apresentada por Júdice, lê-se que os romances de Llosa "são imprescindíveis para conhecermos a História do continente sul-americano".
"Tendo como cenário, nos primeiros romances, o Peru e o espaço social em que decorre a primeira fase da sua vida, tratando questões ligadas à iniciação e maturação do homem, Vargas Llosa criou personagens que ficam inscritas na História literária dos séculos XX e XXI", afirma Nuno Júdice.
Nuno Júdice realça que Vargas Llosa "vai além da sua pátria, a que sempre se dedicou, nomeadamente quando, num momento difícil, foi candidato à Presidência do Peru", acrescentando que "os romances do escritor são imprescindíveis para conhecermos a História do continente sul-americano, os seus conflitos e a sua sociedade".
O doutoramento "Honoris Causa" da universidade portuguesa vai juntar-se a outros que o autor de "A Tia Júlia e o Escrevedor" tem recebido ao longo da sua carreira de várias universidades, entre elas a de Yale, em 1994, a Universidade de Israel, em 1998, de Harvard, no ano seguinte, a de Lima, em 2001, a de Oxford, em 2003, a Universidade Europeia de Madrid, em 2005, e a da Sorbonne, em Paris, em 2005.
Natural de Arequipa no Peru, Vargas Llosa obteve a nacionalidade espanhola em Março de 1993, sem nunca renunciar à peruana, como destaca o Instituto Cervantes, e foi feito marquês pelo rei Juan Carlos de Espanha em Fevereiro de 2011.
Lusa/SOL