Eblis Álvarez, Maria Valencia, Alejandro Forero, Damián Ponce de Leon e Cesar Quevedo são autores de uma sonoridade única. Ao ouvi-los parece que entrámos num baile latino da 'Quinta Dimensão'. Antes da sua actuação os Meridian Brothers foram descritos como um som jovem e fresco com picos psicadélicos. Mais do que isso. Ao ver Maria Valencia a introduzir notas de um clarinete ou de um saxofone numa salsa ou numa cumbia adulterada electronicamente e as animações que acompanham os temas, o conjunto fundado por Eblis Álvarez é o sonho mais arrojado de um dadaísta.
O ritmo de uma 'Salsa Caliente' e o refrão irresistível "No tengo pantalón" ou de um 'Guaracha U.F.O.' levaram à rápida adesão dos espectadores aos colombianos que soam como se tocassem uma nota ao lado. Eblis conjuga de modo particularmente feliz a guitarra, a voz e os efeitos electrónicos, Damián trata da percussão e da bateria ao mesmo tempo enquanto o calvo Alejandro, de pé junto ao teclado, está vidrado nos espectadores, em sessão de hipnose colectiva. Memorável.
Eram já quatro horas quando Niladri Kumar se apresentou em palco. No FMM há sempre margem para a surpresa. Ao contrário do que foi anunciado pela organização, o indiano não veio com a sua 'zitar' – sitar eléctrica. Em vez de um concerto no cruzamento do indiano com o rock progressivo, Kumar apostou no tradicional sitar, fazendo-se acompanhar com tablas (percussão) e flauta transversal. O primeiro tema, explicou, com o público já ao rubro, não foi mais que o soundcheck. Depois enxertou os Deep Purple de 'Smoke in the Water' e prosseguiu na sua viagem encantatória. Mas a qualquer altura voltava ao palco, ora para mandar calar o público que o aplaudia para ouvirem o que se seguia, ora para dizer que a sua música era composta 99% de improviso "e os outros 1% não sabemos o que se vai seguir".
No Castelo, o etíope Mulatu Astatke mostrou o que é o ethio-jazz. Acompanhado de uma big band formada por respeitáveis músicos ingleses, o veterano músico e compositor trouxe para Sines a mistura por si criada de jazz e música etíope com latina. Ao centro do palco, Astatke vai alternando o vibrafone com as congas e o teclado e liderando os outros sete instrumentistas. Desta harmoniosa fusão sente-se talvez a falta do elemento vocal para emprestar mais calor ao resultado final, que não deixa de ser muito bom.
Nos outros concertos da noite, o angolano Nástio Mosquito e a canadiana Mélissa Laveaux cumpriram. O som mais experimental de um e mais introspectivo de outra foram equilibrados com outros temas mais fáceis de agarrar um público que os desconhece.