Nesta segunda edição do galardão, instituído no ano passado pelo CNC, em cooperação com a Europa Nostra e com o Clube Português de Imprensa, o júri decidiu atribuir um Prémio Especial ao historiador de arte José-Augusto França e uma Menção Especial ao jornalista holandês Pieter Steinz.
Em declarações à Lusa, o presidente do CNC, Guilherme d'Oliveira Martins, realçou a iniciativa de Pamuk de criar o Museu da Inocência, em Istambul, "que associa a salvaguarda do património às causas do entendimento e da compreensão".
O Museu da Inocência foi este ano distinguido com o Prémio Museu Europeu do Ano. Na nota divulgada em Maio passado pelo Conselho da Europa, que instituiu o galardão, afirma-se que "O Museu da Inocência pode ser visto simplesmente como um museu da história de Istambul, na segunda metade do século XX". "No entanto, é também um museu criado pelo escritor Orhan Pamuk como uma versão integral da história de amor contada no seu romance com o mesmo nome".
Orhan Pamuk recebeu o Prémio Nobel da Literatura em 2006, e o romance "Museu da Inocência", que conta uma história de amor, passada em Istambul, entre a primavera de 1975 e os últimos anos do século XX, foi o primeiro que recebeu depois de ter sido distinguido pela academia de Estocolmo.
O Prémio Europeu Helena Vaz da Silva distingue "as contribuições excepcionais para a divulgação do património cultural e dos ideais europeus", segundo comunicado do CNC enviado à agência Lusa.
"O júri apreciou particularmente a forma original como Pamuk consegue dar vida aos valores e ideais europeus, e promovê-los além-fronteiras através da sua obra literária, profundamente enraizada na história e na cultura do seu país, a Turquia", afirmou Oliveira Martins, que presidiu ao júri.
"Pamuk não é apenas um dos maiores escritores contemporâneos, é também um cidadão activo, que tem feito esforços notáveis para promover o rico legado multicultural da Europa, com Istambul como uma das suas mais icónicas cidades", acrescentou Oliveira Martins.
Ao historiador de arte José-Augusto França, de 91 anos, natural de Tomar, foi atribuído um Prémio Especial, "pela sua actividade profissional, repartida entre Portugal e vários outros países europeus, no campo da difusão da cultura e da arte europeias", afirma o comunicado do CNC.
José-Augusto França "pesquisou e escreveu sobre a época do Iluminismo e também sobre o Modernismo no século XX, analisando as novas correntes e apresentando personalidades artísticas através da Europa", afirma o júri, citado pelo CNC, acrescentando que "durante toda a sua vida tem escrito inúmeras obras e fomentado a tomada de consciência e o sentimento de orgulho relativamente à arte portuguesa, relacionando-a com a cultura europeia e mundial".
Pieter Steinz foi distinguido com uma Menção Especial, "por ter criado uma original enciclopédia de ícones culturais que fazem parte do ADN da Europa, através do jornal diário NRC Handelsblad e do blog Made in Europe – The Cultural Icons That Unite Us". O jornalista neerlandês "identificou e reuniu mais de 200 símbolos da arte e do património europeus, com grande influência nos quatro cantos do continente", afirma o júri.
"Esperamos que este reconhecimento europeu possa estimular a tradução e maior divulgação deste trabalho fundamental, sobretudo numa altura em que a Europa precisa de uma Nova Narrativa com uma dimensão cultural mais forte", acrescenta o júri.
O Júri do Prémio Europeu Helena Vaz da Silva para a Divulgação do Património Cultural, foi "formado por peritos independentes nos domínios da cultura, do património e da comunicação, provenientes de vários países da Europa", designadamente o professor Antonio Foscari, Francisco Pinto Balsemão, presidente do grupo Impresa, Irina Subotic, vice-presidente da Europa Nostra, João David Nunes, do Clube Português de Imprensa, José-María Ballester, diretor do Património Cultural do Conselho da Europa, e ainda Marianne Ytterdal e Piet Jaspaert, membros da direcção da Europa Nostra.
O prémio será entregue na Fundação Calouste Gulbenkian, em Lisboa, no dia 3 de Outubro.
No ano passado, na primeira edição, foi distinguido o escritor italiano Claudio Magris e foram atribuídas duas menções honrosas, ao húngaro Olivér Kovács e ao turco Ozgen Acar, por iniciativas relacionadas com o património, desenvolvidas nos respectivos países.
Helena Vaz da Silva foi jornalista, fez parte do núcleo fundador do semanário Expresso e dos quadros da Agência de Notícias de Portugal (ANOP), uma das agências de notícias na base de criação da Lusa, entre outros órgãos de informação.
Na década de 1980, presidiu ao CNC e à Comissão Nacional da UNESCO e, em 1994, foi eleita nas listas do PSD para o Parlamento Europeu. Helena Vaz da Silva morreu aos 62 anos, em Lisboa, em 2002.
Lusa/SOL