Oito filmes para perceber melhor a Primeira Guerra Mundial

No dia em que se assinalam 100 anos da Grande Guerra, reunimos oito propostas cinematográficas para todos os gostos.

A Oeste Nada de Novo (EUA, 1930 / EUA e Reino Unido, 1979)

O romance do alemão Erich Maria Remarque foi adaptado duas vezes ao grande ecrã – a primeira, com maior sucesso, em 1930, e a segunda, com um resultado menos positivo mas com melhores recursos técnicos, em 1979. Recomendamos a primeira, filmada apenas 12 anos após o final do conflito e considerada à data um triunfo da sétima arte. É o retrato da destruição da juventude germânica pela trituradora máquina de guerra imperial e das dificuldades da reintegração na vida civil. Espera-se nova adaptação cinematográfica para os próximos anos.

A Grande Ilusão (França, 1937)

Uma das obras-primas do cinema francês, o filme de Jean Renoir é sobretudo um apelo ao pacifismo em vésperas de um novo e ainda mais sangrento conflito mundial. E é o retrato das relações entre um grupo de prisioneiros divididos pela classe social e unidos pelas circunstâncias da guerra.

Horizontes de Glória (EUA, 1957)

Manifesto anti-guerra do genial Stanley Kubrick (que voltaria à carga em 1987 com Nascido Para Matar, agora no cenário vietnamita), conta a história do coronel Dax, um oficial francês que recusa executar uma missão suicida e enfrenta a justiça marcial. A sensibilidade do tema fez com que este filme fosse proibido em França e na Alemanha durante vários anos.

Lawrence da Arábia (Reino Unido, 1962)

Este épico é considerado o melhor filme britânico de sempre e o favorito de realizadores como Steven Spielberg. Vencedor de sete Óscares e magistralmente protagonizado por Peter O’Toole, conta a história de T. E. Lawrence, o lendário militar, agente secreto e escritor inglês que lutou ao lado dos árabes contra o Império Otomano, sendo um dos grandes obreiros da bem-sucedida Revolta Árabe de 1916-1918. Veja com tempo, porque são quase quatro horas de filme.

1900 (Itália, 1976)

Este não é um filme de guerra. Aliás, mais que um filme, é uma longa aula de história do século XX dada por Bernardo Bertolucci. E é sobretudo um filme que mostra as dinâmicas sociais, políticas e económicas que conduziram a Itália, a Europa e o mundo às duas orgias bélicas do último século – ou não terá sido afinal um único grande conflito, como propõem historiadores como Eric Hobsbawm? Vale a pena por isso rever Robert de Niro, Gérard Depardieu ou Donald Sutherland no pico da forma e perceber como a Primeira Guerra Mundial se encadeia no trágico rolo cronológico dos últimos 100 anos. Depois, se tiver paciência, veja o resto das mais de quatro horas de filme, ou guarde-as para as próximas efemérides.

Um Longo Domingo de Noivado (França e EUA, 2004)

Não sendo também um filme de guerra, o primeiro conflito global domina por completo esta desesperada história de amor protagonizada por Audrey Tautou e Gaspard Ulliel, mostrando o impacto esmagador do conflito na vida de milhões de famílias e de jovens casais que viram os seus sonhos adiados ou mesmo destruídos.

O Barão Vermelho (Alemanha, 2008)

A lenda da força aérea germânica Manfred von Richthofen, que terá vencido cerca de 80 batalhas contra os britânicos, regressa aos céus nesta recente produção alemã em língua inglesa. O filme não foi bem recebido na Alemanha, onde qualquer indício de glorificação do passado militar germânico continua a causar calafrios, mas é um razoável documento ficcionado a fazer luz sobre o lado inimigo do conflito e sobre um dos nomes mais temíveis da história da aviação mundial.

Cavalo de Guerra (EUA, 2011)

Esta é a nossa proposta mais familiar. Realizado por Steven Spielberg, é a adaptação do romance infanto-juvenil homónimo de Michael Morpurgo e conta a história de um dos milhões de cavalos que foram requisitados aos seus donos e utilizados no esforço de guerra. O autor calcula que o Reino Unido tenham perdido pelo menos um milhão de cavalos, e que os vários países em conflito tenham sacrificado cerca de 10 milhões de animais que, estrelas das pistas de corrida ou ajudantes do homem em explorações agrícolas, se transformaram em verdadeiros heróis de guerra. Portanto, é um bom filme para ver com os mais novos. Mas nem os mais velhos vão evitar algumas lágrimas.

E o leitor, quer acrescentar alguma sugestão? Indique-a na caixa de comentários.

pedro.guerrreiro@sol.pt