"Esta epidemia não tem precedentes, não está controlada, a situação agrava-se e ameaça estender-se ainda mais, sobretudo na Libéria e Serra Leoa, com focos muito importantes", declarou.
"Se a situação não melhora muito rapidamente, há um risco real de ver novos países atingidos", advertiu.
Janssens afirmou que esta possibilidade "não se pode excluir, mas é difícil de prever".
"Nunca vimos uma epidemia assim e falta uma visão de conjunto para perceber onde se situam os principais problemas", sublinhou.
A MSF está "muito preocupada com os contornos que a situação assume, particularmente" na Libéria e na Serra Leoa, disse.
"Cabe à Organização Mundial de Saúde (OMS) e aos governos destacar e organizar os meios necessários para desenvolver esforços e capacidade ao nível requerido para começar a controlar esta epidemia", concluiu o responsável da organização não-governamental.
Omar Khan, responsável médico do centro de tratamento do ébola em Kenema, no leste da Serra Leoa, uma das regiões mais afectadas pela epidemia, morreu na terça-feira depois de ter contraído a doença na semana passada.
Considerado um "herói nacional" pelo trabalho com os doentes de ébola, Khan foi admitido num centro de tratamento anti-ébola, gerido pela MSF, em Kailahun, também no leste da Serra Leoa, depois de testes positivos ao vírus.
Em Londres, o Governo britânico anunciou a realização, durante o dia, de uma reunião interministerial de gestão desta crise, que considera "uma ameaça" para o Reino Unido.
"Até ao momento nenhum cidadão britânico (no estrangeiro) foi infectado e estamos bastante confiantes de que não existe qualquer caso (do vírus) no Reino Unido", declarou à estação BBC o ministro dos Negócios Estrangeiros britânico, Philip Hammond.
O vírus do ébola "constitui uma ameaça à qual se deve dar uma resposta", frisou.
A epidemia, surgida no início do ano, foi declarada primeiro na Guiné-Conacri, antes de se estender à Libéria e depois à Serra Leoa, dois países vizinhos que, a 23 de julho, totalizavam 1.201 casos e 672 mortes, de acordo com o último balanço da OMS.
O vírus do ébola transmite-se por contacto directo com o sangue, líquidos biológicos ou tecidos de pessoas ou animais infectados.
A febre manifesta-se através de hemorragias, vómitos e diarreias. A taxa de mortalidade varia entre os 25 e 90% e não é conhecida uma vacina contra a doença.
Lusa/SOL