Festa Literária de Paraty abre esta quarta-feira

O escritor, ilustrador, humorista e dramaturgo brasileiro Millôr Fernandes (1923-2012) é o homenageado da Festa Literária Internacional de Paraty (Flip) deste ano, que tem início hoje, na cidade histórica do Estado do Rio de Janeiro.

Reconhecido pela sua irreverência e estilo satírico – que muitas vezes enfrentou a censura dos seus próprios editores e da ditadura militar brasileira -, Millôr Fernandes "experimentou" praticamente todos os campos da arte.

De escritor a dramaturgo, de cartunista a artista plástico, o escritor brasileiro, que até fazia troça de si mesmo, adoptando por "slogan" "o escritor sem estilo", começou a trabalhar ainda menino, como repaginador da revista "O Cruzeiro".

Em pouco tempo passaria a redactor, na mesma publicação, iniciando uma longa trajectória na imprensa brasileira, que incluiu passagens pela revista semanal "Veja", o então famoso "O Jornal do Brasil", hoje já extinto, e o semanário "O Pasquim", célebre pela oposição à ditadura brasileira.

O jornalista chegou a manter uma seção de humor semanal em Portugal, publicada no "Diário Popular", entre 1964 e 1974, no qual utilizava a sua ironia para criticar o imperialismo norte-americano, em pleno período da ditadura do Estado Novo, ainda com Oliveira Salazar e, depois, com Marcello Caetano.

Millôr destacou-se ainda como tradutor de peças de teatro para português, entre as quais clássicos como "Hamlet", de Shakespeare, "O Jardim das Cerejeiras", de Tchekov, e "Antígona", de Sófocles.

A homenagem da Flip inclui, além de mesas redondas que vão debater o legado e a obra do escritor, discussões com temas como o sentido de humor e de crítica, da política ao poder, que caracterizam o homenageado.

Reconhecido como um dos principais eventos de literatura do Brasil, a Flip recebe este ano 47 autores, de 15 países diferentes, entre os quais o escritor português Almeida Faria.

A participação do autor de autor de "Paixão" e "Murmúrio do mundo" concretiza-se no domingo, último dia da festa, num encontro com o escritor e diplomata chileno Jorge Edwards, para debater questões como paixão, ciúme e erotismo, na escrita.

O espectáculo de abertura, hoje, conta com a actuação da cantora Gal Costa.

Lusa/SOL