A despedida de Cardozo

Cardozo deixou o Benfica, depois de 171 golos marcados em 293 jogos. É muito golo e muitos jogos. Que não tiveram a despedida merecida. O Benfica deveria ter organizado um jogo de despedida do melhor marcador da história do clube.

Cardozo era lento, parecia jogar ao ralenti, mas dentro da área mostrava um instinto felino. Era desajeitado, mas dentro da área dominava a bola com mestria, desviava-a dos adversários e metia-a na baliza com um pé esquerdo letal.

Reservado, pouco exuberante, Cardozo nunca recebeu do 3.º anel o carinho que outros, bem menos importantes para o clube, receberam. Embora lhe tenham dedicado uns versos: «Tenham cuidado/ele é perigoso/Ele é o Óscar/Tacuara Cardozo».

Para lá dos golos, dois episódios recentes ficaram na memória de todos: o empurrão a Jesus, na final da Taça perdida para o Guimarães, e os três golos ao Sporting, noutro jogo para a Taça – jogo que, sem ninguém saber, era o seu Canto do Cisne.

Cardozo partiu. Com uma certeza: já entrou na história do Benfica. E a característica incomum de ter sido sempre mais temido pelos adversários do que amado pelos adeptos.

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