Cardozo era lento, parecia jogar ao ralenti, mas dentro da área mostrava um instinto felino. Era desajeitado, mas dentro da área dominava a bola com mestria, desviava-a dos adversários e metia-a na baliza com um pé esquerdo letal.
Reservado, pouco exuberante, Cardozo nunca recebeu do 3.º anel o carinho que outros, bem menos importantes para o clube, receberam. Embora lhe tenham dedicado uns versos: «Tenham cuidado/ele é perigoso/Ele é o Óscar/Tacuara Cardozo».
Para lá dos golos, dois episódios recentes ficaram na memória de todos: o empurrão a Jesus, na final da Taça perdida para o Guimarães, e os três golos ao Sporting, noutro jogo para a Taça – jogo que, sem ninguém saber, era o seu Canto do Cisne.
Cardozo partiu. Com uma certeza: já entrou na história do Benfica. E a característica incomum de ter sido sempre mais temido pelos adversários do que amado pelos adeptos.