Com a solução definida pelo Banco de Portugal, o BES vai ser um bad bank apenas com activos em que há risco de perdas significativas, como os empréstimos às holdings da família Espírito Santo que pediram gesta controlada no Luxemburgo ou as participações com crédito em risco de Angola, Líbia e Miami. Este BES entrará num processo de liquidação e os accionistas serão os últimos a receber qualquer verba que seja conseguida com a venda de activos do banco – primeiro são feitos pagamentos aos detentores de dívida subordinada do banco.
Assim, a Espírito Santo Financial Group, o principal accionista do BES, aparece à cabeça. Esta holding já pediu gestão controlada no Luxemburgo, e ficar detentora de um bad bank só deverá acelerar o seu processo de falência.
O segundo maior accionista é o Crédit Agricole. O banco assumiu hoje que o resgate do BES terá um impacto de 700 milhões nas contas do grupo, já que teve de reconhecer as perdas relacionadas com os activos do banco e a perda dos activos bons, que ficam no Banco Novo de Vítor Bento. O presidente da instituição, Jean-Paul Chifflet, disse que o grupo foi "enganado por uma família” e que está a ponderar avançar com processos contra antigos administradores.
O Bradesco era outro parceiro de referência do BES. Relevou ontem que irá registar a totalidade das perdas nas contas, com um impacto de 117 milhões de euros.
Há depois quatro fundos de investimento norte-americanos e do Reino unido que terão de registar prejuízos com o investimento que fizeram: Silchester, CRM, Blacrock e Baros – e também a Portugal Telecom, que tinha 2,1% do banco. Nestes casos, ainda não foram revelados valores precisos.
Por último, há milhares de pequenos accionistas que compraram acções do BES e cujo valor do investimento será reduzido “tendencialmente a zer”, lamentou o presidente da ATM – Associação de Investidores e Analistas Técnicos do Mercado de Capitais, Octávio Viana, que já recebeu centenas de queixas de pequenos investidores. Cerca de 44% do capital do BES estava disperso por participações inferiores a 2%.
Estrutura accionista do BES:
ESFG |
20,2% |
Crédit Agricole. |
14,6% |
Bradesco1 |
3,9% |
Silchester International Investors Limited |
4,7% |
Portugal Telecom |
2,1% |
Capital Research and Management (CRM) |
4,2% |
BlackRock |
4,65% |
Baros |
2,01% |