A directora da Ajuda à Igreja que Sofre (AIS) em Portugal, Catarina Martins, explicou que a acção surgiu após os apelos do papa Francisco e da igreja do Iraque, representada pelo patriarca católico caldeu de Bagdad, Louis Sako.
"A iniciativa surge depois de um apelo feito pelo papa Francisco, em que pede para parar com todo este massacre que está a ser feito e com toda esta perseguição que está a ser feita no Iraque. E também depois de um pedido, de um apelo, que nos chegou da igreja do Iraque, nomeadamente o patriarca Louis Sako, que nos pediu (…) enquanto instituição católica, para rezarmos por esta intenção, organizarmos um dia mundial de oração pela paz e pela reconciliação no Iraque", afirmou a representante da organização, que está presente em 19 países.
O Iraque enfrenta desde o início de Junho uma ofensiva de insurgentes sunitas, que controlam vastas áreas no norte e oeste do país. A 29 de Junho, os 'jihadistas', em combates no Iraque e na Síria, anunciaram o estabelecimento de um "califado", referindo-se ao sistema de governo islâmico que desapareceu há quase 100 anos com a queda do Império Otomano.
Desde que os insurgentes assumiram o controlo de Mossul, a segunda maior cidade do Iraque, milhares de pessoas, na sua maioria cristãos, abandonaram aquela zona.
Antes da invasão militar norte-americana de 2003, viviam no Iraque cerca de um milhão de cristãos, incluindo 600.000 em Bagdad e 60.000 em Mossul, além das comunidades instaladas na vila petrolífera de Kirkuk (norte) e Bassorá (sul).
Citando o apelo do patriarca de Bagdad, Catarina Martins frisou que esta iniciativa, "que quer dar uma mensagem de esperança" ao povo iraquiano, pretende ser uma "oração ecuménica", ou seja, abranger todas as comunidades.
"O patriarca Louis Sako pede para pedirmos a todos os homens de boa vontade para rezarem, porque o que se está a passar não é apenas contra a comunidade cristã, mas é contra todos os que não são de acordo com a lei que o Estado Islâmico, que as milícias do Estado Islâmico querem pôr em prática no Iraque", referiu a representante.
Segundo Catarina Martins, os relatos do patriarca de Bagdad dão conta que "há muitos muçulmanos contra o que se está a passar no Iraque, há muitos muçulmanos que estão a ajudar cristãos, como há cristãos que estão a ajudar muçulmanos que também estão a passar dificuldades".
E, apesar do actual clima de medo e de perseguição, a responsável recordou que o Iraque foi sempre um país onde "as comunidades sempre viveram, sempre conviveram".
Esta jornada também pretende "chamar à atenção" dos líderes internacionais.
"Infelizmente, a comunidade internacional não tem dado a devido atenção e não tem feito a pressão que seria necessária fazer sobre o Governo do Iraque e sobre estes grupos [radicais]", afirmou a directora da AIS em Portugal, sublinhando a situação dramática de milhares de refugiados e deslocados que "tiveram de abandonar tudo e que não têm nada".
Com o objectivo de dar mais visibilidade a esta campanha, a Fundação AIS criou a página online www.wearechristians.info, na qual as pessoas podem manifestar publicamente o seu apoio à iniciativa.
Para participar hoje na jornada de oração, Catarina Martins referiu que basta que "a qualquer hora do dia, em qualquer lugar, qualquer pessoa independentemente da sua religião lembre-se que existem pessoas no Iraque, uma população no Iraque que está a ser perseguida".