É triste a imprensa seguir por estes caminhos, que procuram simplesmente explorar a dor dos familiares e o voyeurismo mórbido dos leitores.
É claro que as famílias das vítimas, dilaceradas pelo desgosto, queriam encontrar um culpado, alguém contra quem pudessem voltar a sua revolta. E quem estava à mão era, naturalmente, o sobrevivente. O facto de João Gouveia ter sobrevivido à tragédia já era motivo de culpa. “Por que sobreviveu ele e o meu filho não?” interrogavam-se, exasperados, os pais dos estudantes que morreram.
Agora, que o inquérito chegou ao fim, é altura de todos fazermos um exame de consciência. Sobretudo, os jornalistas deviam fazer um exame de consciência. Hoje brinca-se demasiado com coisas sérias. Com a sofreguidão de vender jornais, exploram-se cada vez mais os instintos básicos e atiram-se inocentes para a fogueira.