Madeira estuda aumento de ‘águas vivas’

A Estacão de Biologia Marinha do Funchal iniciou este mês um trabalho de recolha de dados sobre as “águas vivas” — como medusas ou alforrecas – nos mares da região, espécies que muitas vezes afastam os banhistas das zonas balneares.

A directora da estação, Mafalda Freitas, explicou que o principal objectivo do estudo é colmatar a ausência de informações sobre que espécies e com que frequência aparecem na Madeira.

"Não existem dados sobre a frequência e abundância destas espécies na Madeira, sendo que este trabalho servirá de base para uma monitorização futura dos nossos mares", disse esta responsável à agência Lusa.

Nos últimos anos têm aparecido cada vez mais "águas vivas" de diversas espécies no período de verão, o que normalmente obriga os banhistas a fugirem rapidamente da água, sob pena de serem "queimados".

"Ainda no ano passado assinalámos uma nova espécie de 'água viva' de grande porte" e "estamos sempre atentos ao que de novo aparece", afirmou, ressalvando que esta espécie assinalada pela primeira vez "é a que aparece muito nos estuários dos rios Tejo e Sado".

Um estudo realizado por uma equipa internacional liderada pela Sir Alister Hardy Foundation for Ocean Science e pela Marine Biological Association, ambas de Plymouth, nos Estados Unidos da América, "confirmou um aumento no tamanho e intensidade de proliferações da 'água-viva' Pelagia noctiluca", a espécie que mais aparece nas águas da Madeira.

Este animal pode formar "grupos enormes" que são visíveis a partir da costa, como foi verificado, na Páscoa deste ano, na ilha do Porto Santo.

Mafalda Freitas explicou que "existem várias razões complexas para este facto, essencialmente ligadas ao excesso de pesca e ao aumento da temperatura da água do mar".

Agora, com a ajuda dos complexos balneares do Funchal e de alguns centros de mergulho, está a ser recolhida informação sobre a identificação das espécies que aparecem e a sua abundância, para conseguir aferir se, de facto, "o número de aparecimentos e a sua frequência está a aumentar".

Numa ficha distribuída a quem está a fazer essa recolha, é pedido que se identifique a espécie ('água viva', caravela portuguesa, velela ou água viva gigante), a abundância em número de concentração e outras observações, como se lixo no mar ou a temperatura da água.

As medusas ou 'águas vivas', animais marinhos com um corpo em forma de disco ou campânula, formado por 95 a 99 por cento de água.

Lusa/SOL