Um inquérito realizado pela agência Reuters conclui que 51% dos norte-americanos acreditam que as crianças detidas na fronteira EUA-México, sem estarem acompanhadas por adultos, devem permanecer no país, pelo menos por agora.
Esta decisão irritou alguns dos aliados democratas de Obama, como os grupos hispânicos, que representam uma importante base de apoio do presidente. “Não devemos fazer atalhos e burlar o processo neste momento crítico, quando há crianças a fugir da violência e a pedir a nossa ajuda", disse à Reuters Luis Gutierrez, congressista democrata e um dos principais defensores da reforma da emigração. Em causa está a política de “fast-track” (aceleração), que dá prioridade a crianças, e não a adultos, nas audiências de deportação.
Entre Outubro de 2013 e Julho de 2014, cerca de 63.000 crianças, que fugiam da violência e das situações precárias em que viviam, inundaram toda a fronteira sudoeste dos Estados Unidos da América. A maior parte é proveniente das Honduras, El Salvador e Guatemala.
O Congresso norte-americano não aprovou, devido ao chumbo dos republicanos, a reforma do sistema de imigração proposto por Obama. Segundo a lei do país, o período de custódia deve ter a duração máxima de três meses. “Significa que as crianças não terão enquadramento legal para continuar nos EUA e, por isso, serão deportadas”, afirmou Josh Earnest, porta-voz da Casa Branca.
O Departamento de Justiça dos EUA está a acelerar os processos para audiências de deportação. Só neste mês já foram deportados 80 jovens, em dois aviões, de volta para as Honduras. O vice-presidente Joe Biden, na semana passada, pediu a escritórios de advogados para oferecerem assistência jurídica gratuita às crianças. "Há uma enorme quantidade de crianças que precisam de ajuda. Eles precisam de representação", disse Biden.
A questão de onde, e como, abrigar as crianças, enquanto estas aguardam pelas audiências, também já provocou fortes reacções de algumas comunidades onde os abrigos foram planeados. Demonstrações de patriotismo ocorreram nas cidades fronteiriças de Oracle e Arizona, enquanto os governos locais em de Murrieta, Califórnia e Texas já vetaram qualquer plano de construção de abrigos.
Quando questionados de estariam dispostos a acomodar as crianças na sua comunidade, 41% dos inquiridos pela Reuters disseram que apoiariam tal medida, enquanto 48% disseram não.
"Muitos americanos têm compaixão, mas querem que sejam outras pessoas a suportar o fardo", disse John Pitney, professor de política da Claremont McKenna College.
Na semana passada, o Governo dos Estados Unidos informou que vai fechar, em breve, três abrigos provisórios, em bases militares, que albergavam milhares de crianças sem documentos legais.