Há uns anos, discursando numa cidade com história que também está a renovar-se, mais precisamente em Luanda, disse que as cidades são a fábrica e o produto deste sector, um sector que muitas vezes se afirma como um dos pilares do desenvolvimento de muitas economias modernas, que cresceram e crescem também pela oferta de habitação de qualidade.
Isto acontece quando construímos o novo ou quando reconstruímos o que foi construído no passado e pede novas oportunidades, como está agora a verificar-se nos centros históricos das nossas principais cidades, onde há quatro trimestres consecutivos os números das transacções imobiliárias têm vindo a aumentar, marcando o regresso do imobiliário à primeira linha da trincheira do crescimento e do desenvolvimento económicos.
Este comportamento do mercado imobiliário português está a ser rebocado pelas dinâmicas do investimento estrangeiro, seja o que nos chega com as autorizações de residência para investimento (vistos gold) seja o do regime fiscal para residentes não habituais, mas também pela crescente confiança do mercado interno. Não é por acaso que mais de 80 municípios portugueses já contabilizaram, em 2014, mais de 200 transacções imobiliárias, em contraste com o que acontecia ainda há pouco tempo.
Os números deste renascimento do imobiliário português como refúgio seguro para investimentos e poupanças mostram que as áreas metropolitanas de Lisboa e Porto estão a marcar pontos, mas há cidades portuguesas de outras regiões (Loulé, Leiria, Pombal, Viseu, Águeda, Barcelos e Vila Nova de Famalicão) que fazem parte da lista das dez mais dinâmicas nesta matéria.
Este renascimento confirma que a requalificação do nosso património construído, num quadro de reordenamento territorial também urgente e da reabilitação dos degradados centros urbanos das principais cidades, é realmente um dos caminhos seguros que o sector imobiliário pode trilhar para contribuir para a nossa própria recuperação económica.
Portugal está a ser descoberto – também graças ao imobiliário, especialmente ao que promove o turismo residencial – como um país europeu que soube preservar as suas diferenças mais positivas e que pode incluir o melhor que a Europa oferece sem perder aquilo que o caracteriza como país diferente, acolhedor e aberto às diferenças dos outros.
Como em tempos também já escrevi, as cidades que se renovam pela aposta na reabilitação dos centros urbanos são decisivas no desenvolvimento económico do país, desde logo pelo facto de deixar as cidades degradarem-se e desertificarem ser sempre muito mais caro do que poderemos gastar em regeneração e reabilitação urbanas.
*Presidente da APEMIP, assina esta coluna semanalmente