Esta manhã, acompanhado de dois advogados, o dirigente do Sindicato Têxtil do Minho e Trás-os-Montes Francisco Vieira informou os trabalhadores da Moritex que o Plano Especial de Revitalização (PER) foi aprovado, esperando-se agora a visita do administrador nomeado pelo tribunal.
"É uma boa notícia porque o relógio começou a contar. Agora, o que queremos é que a administradora nomeada pelo tribunal venha cá para falar com os trabalhadores, avaliar as instalações para ver o que é possível fazer e para podermos desmobilizar porque isto tem sido muito duro", disse, aos trabalhadores, Francisco Vieira.
O responsável sindical declarou ter tido conhecimento desta decisão "de forma verbal", mas garantiu que se trata de "um bom passo". No entanto, apelou aos trabalhadores para que "não desmobilizem" até ter "mais novidades" pois o facto de estarem em frente às instalações tem "impedido o saque" e tem "protegido os bens que ainda restam".
Segundo Francisco Vieira, a Moritex tem dívidas que ascendem a 2,5 milhões de euros, sendo a banca, a Segurança Social e os fornecedores os principais credores.
Em Maio, a empresa tinha ao serviço perto de 130 trabalhadores, mas actualmente só tem 28, já que, por causa dos salários em atraso, foram muitos os que suspenderam (cerca de 50) ou romperam os contratos (cerca de 40).
Os trabalhadores da Moritex, segundo o Sindicato Têxtil do Minho e Trás-os-Montes, são credores de mais de 200 mil euros só em salários, estando em dúvida parte das remunerações de Abril, a totalidade de Maio, Junho e Julho e subsídios de férias.
Na sexta-feira, o sindicato avançou com o pedido de insolvência da Moritex, sendo que no mesmo dia a administração deu entrada com um PER.
Desde essa data, os trabalhadores têm mantido vigilância às instalações 24 horas por dia, fazendo turnos e, conforme descreveram hoje, à Lusa, alguns funcionários, "contando com a solidariedade e ajuda de familiares e vizinhos".
Esta manhã os funcionários também receberam a visita de um dirigente do Bloco de Esquerda, Pedro Soares, que em declarações à Lusa, explicou estar ali "numa acção de solidariedade" e lamentou que o Governo pareça "alhear-se destas situações, não actuando rapidamente e permitindo que os patrões façam o que bem entenderem".
Para as 14h30 está prevista a visita da deputada Carla Cruz, do PCP.
A Lusa tentou ouvir a administração da Moritex, mas não foi possível até ao momento.
Lusa/SOL