O Sporting também dava mostras de solidez, pois nenhum titular da época passada saiu até ao momento, mas a rebelião protagonizada esta semana por dois jogadores com o peso de Rojo e Slimani, veio abalar essa ideia, que poderia ser um trunfo dos ‘leões’ não só em relação ao Benfica, mas também ao FC Porto.
Se é certo que os ‘dragões’ deram a volta ao texto no campeonato das expectativas, ao contratarem talentos confirmados como Tello (emprestado pelo Barcelona), Casemiro (cedido pelo Real Madrid), Adrián (ex-At. Madrid) ou Bruno Indi (ex-Feyenoord e titular da Holanda), não é menos verdade que o treinador Julen Lopetegui precisará de tempo para construir uma equipa e adaptar-se a um futebol que privilegia a caça ao ponto – por vezes nem que seja necessário passar 90 minutos a atirar bolas para a bancada e o corpo para o chão.
Jorge Jesus e Marco Silva têm a vantagem de poderem antecipar as armadilhas que vão enfrentar perante adversários mais modestos, embora só o primeiro conheça os cantos à casa onde trabalha de cor e salteado.
À espera de reforços na Luz
Apesar de insatisfeito com a debandada que já desviou da Luz Oblak, Garay, Markovic, Rodrigo e Cardozo – e que deverá levar ainda Enzo Pérez e talvez Gaitán –, não é a primeira vez que o técnico ‘encarnado’ tem de reformular a equipa. O que lhe causa mais dores de cabeça é a quantidade de jogadores que já chegaram e não convencem. Já para não falar daqueles que nem sequer entram nas suas contas: Candeias, Luís Felipe, César, Victor Andrade e Djavan – este já transferido para Braga. Há ainda Nélson Oliveira, que deverá voltar a ser cedido.
Mesmo os reforços com lugar garantido no plantel demoram a impor-se, como Talisca, um caso típico de jogadores brasileiros que precisam de tempo para se adaptarem à maior intensidade do futebol europeu.
Esse é um obstáculo que o FC Porto evitou esta época, ao adoptar uma política de contratações totalmente oposta à que vinha sendo habitual. Em vez de ‘pescar’ jovens promissores na América do Sul, Pinto da Costa deu carta branca a Lopetegui para formar uma equipa à base de jogadores europeus, com natural enfoque nos espanhóis, que o técnico conhece melhor. Para já, durante os jogos de preparação, os ‘azuis e brancos’ mantiveram-se invictos.
Até ao fecho de mercado de transferências, no dia 31, ainda se aguarda uma resposta do Benfica. O guarda-redes grego Orestis Karzenis, titular da selecção, chegou esta semana, mas ainda falta um médio centro, um avançado e talvez um defesa central. A conquista da Supertaça (ver pág. 35) pode ter estancado o crescendo de preocupação, mas não apaga o facto de o Benfica ter perdido seis dos oito jogos de pré-época.
Em Alvalade, há ordem para assumir a luta pelo título, ao contrário do que foi o discurso oficial na última temporada, mas até à data as alterações no plantel registaram-se sobretudo ao nível dos suplentes. O onze titular está no entanto em risco de perder Rojo e Slimani, que depois de forçarem a saída para Inglaterra (o argentino rumo ao Manchester United e argelino ao Leicester) foram colocados a treinar à parte.
William Carvalho é outro jogador que tem a Premier League como possível destino, mas falta o Arsenal consumar o interesse com uma proposta irrecusável: 30 milhões de euros, 15 abaixo do valor da cláusula, poderia ser suficiente para os ‘leões’ abrirem mão da sua pérola mais recente.
Com duas derrotas nos 10 encontros de preparação como ponto de partida, o Sporting de Marco Silva vai entrar na Liga ainda longe de exibir o futebol de ataque que o novo treinador tanto aprecia. Mas já deu para perceber que o homem resgatado ao Estoril para dar sequência ao trabalho de Leonardo Jardim pode acrescentar virtudes a uma equipa que superou as expectativas na época anterior. Se será suficiente para discutir o título até ao fim, só com o decorrer da prova se poderá aferir.
Uma boa notícia para Marco Silva é o facto de o presidente Bruno de Carvalho garantir que o Sporting não fecha a porta a mais contratações. Até agora, os médios João Mário e Rosell são as caras novas com melhor rendimento.
