De acordo com uma sondagem do Instituto Datafolha, para o jornal Folha de São Paulo, publicada hoje, a ambientalista surge em segundo lugar nas intenções de voto dos brasileiros, com 21%, à frente de Aécio Neves, candidato do Partido Social Democrata Brasileiro (PSDB) que consegue apenas 20%, e atrás de Dilma Rousseff, a presidente que tenta novo mandato para o Partido dos Trabalhadores (PT) mas que lidera apenas com 36% das intenções de voto.
Para já, os números apontam para três conclusões que objectivamente não são grande novidade: Marina consegue mais votos que Eduardo Campos – o ex-governador de Pernanbuco estava em terceiro lugar, com 8%, numa sondagem da Datafolha publicada no final de Julho e lutava para chegar aos 10%; Dilma não deverá ser reeleita no primeiro turno e com a deslocação de Marina para o centro da arena política, as eleições deste ano são quase uma reedição do acto eleitoral de 2010, embora a sondagem publicada hoje abra a possibilidade de, desta vez, ser a ambientalista a disputar o segundo turno com Dilma (em 2010 foi José Serra, candidato do PSDB).
No segundo turno, que está agendado para o dia 26 de Outubro, Marina Silva surge novamente bem colocada. A ex-ministra do Meio Ambiente do governo Lula fica à frente de Dilma Rousseff, com 47% das intenções de voto contra 43% da ainda Presidente do Brasil, segundo a pesquisa do Datafolha realizada nos dias 14 e 15 de Agosto, logo a seguir à queda da aeronave que vitimou mortalmente Eduardo Campos e outras seis pessoas que seguiam a bordo, em Santos, cidade do litoral de São Paulo.
A escolha de Marina para substituir Campos na liderança da “chapa” do PSB só será oficialmente comunicada até quarta-feira, bem como o nome do novo candidato a vice-presidente, que entra para o lugar da ambientalista. Os socialistas estão reunidos hoje e amanhã com a sua cúpula e com a família de Eduardo Campos, como a viúva Renata Campos. O presidente dos socialistas brasileiros já fez saber que Marina não seria a sua escolha e escolha da ambientalista dependerá da assinatura de uma carta de compromissos. A ambientalista filiou-se no PSB no dia 4 de Outubro de 2013, a convite de Eduardo Campos, depois de ver negada a possibilidade de registar a ‘Rede Sustentabilidade’ como partido político por não reunir o número de assinaturas exigido pelo Tribunal Superior Eleitoral.
O modo como Marina Silva geriu os dias que se seguiram à morte do seu companheiro de “chapa” foi elogiado pela imprensa brasileira, que não registou qualquer erro político. A evangelista, que depois de uma primeira reacção logo no dia 13, em Santos, através da qual se recusou a falar sobre o seu futuro político, esperou os sinais que acabaram por chegar do PSB e da própria Renata Campos. No sábado, dia em que embarcou para Recife, onde acompanhou deste a primeira hora as cerimónia fúnebres ao lado da família de Campos, admitiu ao jornal O Estado de São Paulo que sentia “o senso do compromisso que a perda de Eduardo impõe”. Notou ainda que “foi uma providência” não estar a bordo da pequena aeronave que se despenhou com o candidato presidencial.
Depois da campanha ter sido interrompida desde quarta-feira passada e do funeral, ontem, de Eduardo Campos e das outras seis vítimas mortais do acidente com o jacto particular, Dilma Rousseff é hoje entrevistada no Jornal Nacional, da Globo, o noticiário com maior audiência no Brasil e no qual Campos foi entrevistado na noite anterior ao fatídico acidente. Aécio Neves vai estar amanhã, terça-feira, em Mato Grosso para acções de campanha. Também amanhã começam a ser emitidos os primeiros programas eleitorais gratuitos ou tempos de antena. O do PSB será integralmente dedicado a Eduardo Campos. O do PT de Dilma e o do PSDB de Aécio farão também uma homenagem nos primeiros segundos, segundo a imprensa brasileira. Na quinta-feira, o PSB tem novo bloco de programa eleitoral na TV e na rádio. Resta saber se já com Marina Silva apresentada como candidata dos socialistas brasileiros numa das eleições mais incertas da democracia brasileira.
