Trata-se de um novo esquema de burla descoberto pelas autoridades em finais de 2011. Só este ano, na cidade de Lisboa, a PSP já registou cinco casos destes.
“À semelhança de outros crimes praticados contra estrangeiros que visitam o nosso país, os burlões tiram proveito do facto de muitos turistas transportarem elevadas quantias em dinheiro”, explica ao SOL fonte oficial da PSP, admitindo que a dimensão real deste fenómeno é desconhecida, pois muitas vítimas não fazem queixa.
Há, porém, burlões mais agressivos. Recentemente, foi identificado na área metropolitana de Lisboa um grupo de suspeitos que se deslocam num carro e coagem outros condutores a pagar-lhes certas quantias, alegando que lhes causaram danos na viatura.
Este ano, a PSP tem registo de duas situações deste tipo. No ano passado, numa via rápida de Lisboa, um condutor apercebeu-se de que o carro atrás de si lhe fazia sinais de luz continuamente. Julgando que ia em marcha de urgência, encostou para deixá-lo passar; nesse momento, porém, a outra viatura parou e do interior saíram quatro homens, que se lhe dirigiram de forma intimidatória, queixando-se de que o pára-brisas do carro acabara de ser atingido por uma peça que se soltara da sua viatura. Fazendo-se valer do facto de serem quatro homens, exigiram-lhe na hora que pagasse 150 euros. O condutor pediu então para contactar a sua seguradora e, nesse momento, os suspeitos baixaram o valor para 100 euros. A vítima acabou por aceitar, “na perspectiva de não ter de comunicar à seguradora, evitando custos de maior valor”, explica fonte da PSP, esclarecendo que estão em causa “burlas antigas que têm ressurgido com novas abordagens e modus operandi”.
Os idosos são geralmente a presa mais fácil – e assim é também para muitos burlões que se dedicam a vender tapeçaria. A abordagem é feita porta-a-porta: quando a vítima abre, é aliciada por um casal que lhe mostra uma série de tapetes, à primeira vista persas.
No ano passado, um septuagenário foi abordado à porta de casa por um casal que lhe propôs comprar tapetes persas que dizia custar habitualmente 1.400 euros, mas que estava disposto a vender por metade do preço. A vítima aceitou e pagou 700 euros, em cheque. Só que os burlões falsificaram o cheque e conseguiram levantar nove mil euros. E só mais tarde é que o idoso descobriu que comprara gato por lebre, ou seja, uma imitação de valor muito inferior ao apregoado.
O golpe dos trocos
“Esta modalidade”, sublinha a mesma fonte da PSP, “não é mais do que uma adaptação de burlas antigas”: “O objectivo é convencer as vítimas de que estão perante objectos de marca e valor, quando são artigos comuns de valor bem mais reduzido”.
Até os comerciantes mais experientes podem ser enganados – e nos mais pequenos pormenores. Há burlões que se especializaram em sacar dinheiro na hora de dar ou receber o troco, por exemplo. Identificada pela GNR, este tipo de burla acontece normalmente em cafés, minimercados e farmácias. Os burlões agem em grupo e começam por manifestar interesse num produto barato, pagando com notas de alto valor (na maioria das vezes de 500, 200 e 100 euros). Quando recebem o troco, alegam que o produto afinal é mais caro do que esperavam e desistem da compra. Solicitam então a nota com que pagaram e, ao mesmo tempo, devolvem o troco que receberam da vítima. Mas não o devolvem todo: sem que a vítima tenha reparado, já surripiaram parte das notas ou das moedas do troco. E muitos comerciantes facilitam a vida ao burlão, já que não confirmam o valor.
“A maior parte dos suspeitos identificados por esta burla são de origem romena, mas já têm aparecido portugueses”, lê-se no último relatório da GNR sobre diversos tipos de burlas praticados em 2012, ano em que foram registados 12 casos em todo o país.
Os idosos são, de longe, os mais afectados pela astúcia dos burlões (798 vítimas). “Os suspeitos alegam que vão acabar os euros, lhes vão aumentar as reformas, dar acesso a medicamentos mais baratos ou vêm para fazer entregas de encomendas”, aponta fonte oficial da GNR.