Intensamente pop

Quem melhor que Lang Lang para personificar a renovação da imagem da música clássica? Dotado de uma mestria técnica acima de qualquer suspeita, transpira irreverência e fogosidade a rodos nas actuações. Este casamento de forma cool com substância erudita transformou o ainda jovem (nascido em 1982) pianista chinês numa estrela pop.

Assim o atesta a sua presença em palcos com audiências planetárias, caso da abertura dos Jogos Olímpicos de Pequim, ou das colaborações com Mike Oldfield ou os Metallica. Mas também nas mais conceituadas salas de espectáculos. É presença assídua em Berlim e em Viena. Foi na capital austríaca, no cenário barroco dos jardins do palácio de Schönbrunn, que Lang Lang voltou a juntar-se à Filarmónica de Viena para celebrarem os 150 anos do nascimento de Richard Strauss. Sob a batuta do pianista e maestro Christoph Eschenbach actuaram perante dezenas de milhares de pessoas. 

O programa não se limitou a peças de Strauss – dentre os grandes compositores, foi quem teve a relação mais próxima com a Filarmónica de Viena -, incluindo composições de outros contemporâneos seus, Hector Berlioz, Franz Liszt e Johann Strauss II (sem relação familiar com Richard). A jornada musical decorreu na décima edição do Concerto de uma Noite de Verão (na verdade, foi em Maio) e foi lançado o registo em CD, DVD e Blu-Ray.

Também com o objectivo de popularizar a fruição da música clássica, é I Don't Like Classical Music, but I Really Like This!, versão em inglês de uma série iniciada com grande popularidade em França, em 2008, com o objectivo de chegar àqueles que, como o nome do álbum indica, dizem não gostar de música clássica, mas apreciam estes temas. Como não gostar deles (ou pelo menos de parte)? Fazem parte do nosso ADN musical, tenhamos ou não alguma vez procurado este género, nem que seja pela publicidade ou pelo cinema. Na edição, em dois discos (com ilustrações de Sempé, como o aqui reproduzido) estão reunidos alguns dos mais famosos temas, extraídos do Carnaval dos Animais de Saint-Saens à Carmina Burana de Orff, das Quatro Estações de Vivaldi à Carmen de Bizet, só para dar alguns exemplos. 

cesar.avo@sol.pt