De acordo com a projecção, Marina Silva e Dilma Rousseff aparecem empatadas com 34% das intenções de voto no primeiro turno. A candidata da coligação ‘Unidos pelo Brasil’ cresceu 13 pontos percentuais face a uma sondagem publicada pelo instituto no dia 18 de Agosto, quando então obtivera 21%. Dilma, em sentido contrário, baixou dois pontos percentuais (de 36% para 34%).
Ainda de acordo com a sondagem publicada ontem ao início da noite, Marina venceria o segundo turno com 50%, deixando para trás Dilma com 40%. No levantamento feito há 11 dias, Marina conseguia 47% das intenções de voto e Dilma 43%.
Aécio Neves, candidato do PSDB, também aparece a descer nesta sondagem e parece consolidado como o terceiro candidato mais votado: consegue 15% das intenções de voto, contra os 20% que teve no levantamento anterior.
A sondagem de ontem apareceu num dia em que Marina Silva apresentou o seu programa de governo (foi o primeiro partido a fazê-lo), ao lado de Beto Albuquerque, candidato a vice-presidente do país. À tarde, numa sala de festas de São Paulo, a ex-senadora e ex-ministra do Meio Ambiente do governo Lula apresentou as suas bases programáticas com que vai a votos no dia 5 de Outubro.
Durante a sua intervenção, a ambientalista criticou o modelo económico da sua adversária, Dilma, e sinalizou que a prioridade do seu governo será conciliar as preocupações sociais com a capacidade de devolver confiança aos mercados para poder atrair investimento. As medidas que serão desenvolvidas pelo seu governo, se vier a ser eleita, devem convergir, clarificou, para um país “economicamente próspero, politicamente democrático e socialmente justo”.
No dia em que foi revelado que a economia brasileira recuou 0,6% no segundo trimestre deste ano, Marina criticou as consequências da receita de Dilma para alavancar a economia. Classificou de “lamentável” o crescimento do PIB nos dois últimos trimestres e sinalizou que o Brasil não se pode “contentar por ser apenas um país de consumidores”.
O discurso teve ainda o momento de apelo directo ao voto. A candidata falou várias vezes em vitória numa tarde em que esteve rodeada pelos quadros dos seis partidos que compõem a coligação. No final, recordou que quando Lula da Silva concorreu pela primeira vez, havia desconfiança por parte da elite porque o então líder do Partido dos Trabalhadores (PT) era operário.
“Vi muita gente desqualificando o Lula. Esqueceram muito rápido o que tivemos de passar para chegar onde chegamos. Se Lula era o operário, eu sou a mulher que veio da floresta, do mundo real e não do mundo simbólico. O que estamos fazendo vai ser bom para tudo o mundo”, garantiu a ex-ministra de Lula e ex-quadro do PT que no ano passado viu negada pela Tribunal Superior Eleitoral a conversão da Rede Sustentabilidade em partido político.
Juan Arias, num artigo de opinião publicado na edição Brasil do El País, sinaliza a aproximação de Marina a Lula e os problemas que isso pode levantar para o ex-Presidente do Brasil que conduziu Dilma Rousseff na liderança do país em 2010. “A dificuldade desta vez para o ex-presidente, ainda com grande carisma, consiste em como desconstruir a imagem de Marina, à qual o inconsciente brasileiro se apressou a ver como uma reencarnação feminina da figura de Lula, de sua biografia, de seu carisma, e possuidora de boa parte dos ímpetos que fizeram dele vitorioso”.