Boicote: Portugal busca alternativas ao mercado russo

O Governo está a acompanhar de perto a proibição imposta pela Rússia à importação de produtos agro-alimentares da União Europeia. O principal objectivo do Executivo “é definir os exactos impactos do embargo e ajudar a encontrar caminhos alternativos”, explicou ao SOL fonte oficial do Ministério da Agricultura (MA).

Para tal, “o trabalho desenvolvido, nos últimos anos, para intensificar a remoção das barreiras à exportação e abrir novos mercados para as empresas portuguesas pode ser útil como instrumento alternativo face a este embargo”. 

O gabinete de Assunção Cristas garante que “o Governo fará tudo o que estiver ao seu alcance para intensificar os contactos diplomáticos tendo em vista a conclusão dos processos de certificação de exportações nacionais já entregues e que, em alguns casos, ainda aguardam decisão”.

Algumas dessas possibilidades, segundo a mesma fonte, são Argélia, Marrocos, Canadá, Moçambique, Camarões, China, Austrália, Colômbia e Brasil.

A decisão da Rússia provocou alguma confusão no sector agro-alimentar luso, com muitos agentes a temerem uma proibição que afinal não se aplica em sectores específicos.

Apoio de 125 milhões

O total das exportações nacionais de produtos agro-alimentares para a Rússia ronda os 40 milhões de euros, mas só cerca de 16 milhões são atingidos pelo embargo. Vinho, azeite e tomate não foram 'barrados' por Moscovo – ao contrário do que temiam algumas associações destes sectores. A carne de porco, o leite e as frutas deverão ser os produtos mais afectados.

Na semana passada, o Governo português participou numa reunião em Bruxelas para analisar eventuais indemnizações aos produtores e agricultores. Questionado sobre o 'bolo' que irá ser alocado a Portugal, o MA adianta que “Portugal irá estar no mesmo plano de igualdade de todos os Estados-membros afectados por esta decisão”. Não há ainda montantes definidos por países, apenas um valor global de 125 milhões de euros a nível europeu.

Produtos agro-alimentares

Com embargo

– Carne de bovino e suíno fresca, refrigerada ou congelada 

– Carne salgada, marinada, seca ou fumada e subprodutos alimentares de aves domésticas

– Enchidos

– Leite e produtos lácteos, vegetais, fruta e nozes 

– Peixe, crustáceos e moluscos

Sem embargo

– Vinho, sumos, cervejas, licores e refrigerantes

– Café, chá, chocolate e derivados, molhos e especiarias

– Azeite, óleos vegetais, ovos, mel, cereais, farinhas, malte 

– Tomate (concentrado ou enlatado), fruta processada e enlatada, geleias e compotas

– Peixe ou marisco (conservas)

sara.ribeiro@sol.pt